Precisamos saber mais do boto da Caixa e de outros rolos do bolsonarismo. Por Moisés Mendes

Atualizado em 30 de junho de 2022 às 7:19
Foto: Reprodução

Por Moisés Mendes

Bolsonaro disse que colocava a cara no fogo por Milton Ribeiro. Depois, quando a quadrilha dos pastores mostrou a cara e o coordenador do esquema foi preso foi preso, ele disse que colocaria apenas a mão.

Bolsonaro dizia e repetia que não havia corrupção no governo, quando todo mundo sabe que havia e que há corrupção. E agora admite que não há ”nenhuma corrupção endêmica”, mesmo que não saiba o significado de endêmica.

O que existe, segundo o chefe supremo dos pastores, são casos isolados. Mas Bolsonaro sabe, por pressentimento, que vão aparecer mais casos parecidos com os dos pastores e com o do assediador da Caixa.

Bolsonaro sabe que agora o bicho pega. Oprimidos pelo bolsonarismo, dentro e fora do governo, sabem muito mais coisas do que foi revelado até agora.

É agora, como revanche, às vésperas da eleição, que os atacados pela extrema direita no poder irão à forra. É assim que acontece sempre. Não é perseguição, é reparação.

Pedro Guimarães, o ex-presidente da Caixa, não foi denunciado por ninguém que o observava de longe passando a mão em assessoras.

Foi denunciado por suas vítimas de assédio, e uma delas o definiu como um boto, por seu exibicionismo como nadador que pedia a atenção de funcionárias da Caixa enquanto flutuava e mergulhava numa piscina.

A quadrilha dos pastores só foi conhecida publicamente quando uma das vítimas das mordidas de propina decidiu falar. Os esquemas de outras áreas serão conhecidos da mesma forma. Foi assim que denunciaram o esquema dos vampiros vendedores de vacina dentro do Ministério da Saúde.

Se não soubermos agora o resto da podridão, saberemos quando Lula estiver no poder. Saberemos de muita coisa como parte da depuração promovida por um novo governo. Brasília terá de ser desinfetada por ações reparadoras.

Teremos de saber, por informações de dentro da máquina, de corregedorias e por ação do Ministério Público, como funcionam os esquemas de proteção de contrabandistas de madeira, grileiros e assassinos na Amazônia.

A proteção aos bandidos do garimpo, ao tráfico e aos donos das boiadas na região Norte não faz parte de um projeto político.

O Norte todo tem apenas 7% dos eleitores do Brasil. A Amazônia, onde atuam as milícias bolsonaristas da floresta, nas mais variadas frentes, tem meia dúzia de votantes.

O esquema não é de fortalecimento de grupos políticos alinhados com o bolsonarismo. A estrutura da proteção montada na Amazônia busca dar respaldo à bandidagem em todas as áreas.

É um esquema de proteção a quem movimenta muito dinheiro, sendo gado, ouro, madeira ou droga. A pesca ilegal, que se mistura a outros crimes, foi apenas o pretexto para os assassinatos de Bruno Pereira e Dom Phillips. Há muito mais.

É disso que precisamos ficar sabendo mais adiante, dentro e fora da Amazônia, em Brasília, dentro de todos os ministérios e órgãos públicos federais.

Bolsonaro pode começar a pressentir que teremos, daqui a pouco, mais informações sobre desmandos no governo.

Saberemos muito mais, antes ou depois da eleição, porque não há como esconder tudo. E queremos saber mais do que o boto assediador fez na Caixa além de importunar e desrespeitar servidoras do banco.

(Texto originalmente publicado em BLOG DO MOISÉS MENDES)

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