Prefeito bolsonarista de Sorocaba (SP) comprou imóvel de luxo com dinheiro vivo

Atualizado em 24 de junho de 2025 às 12:23
O prefeito bolsonarista de Sorocaba (SP), Rodrigo Manga (Republicanos). Foto: Reprodução

O prefeito bolsonarista de Sorocaba (SP), Rodrigo Manga (Republicanos), conhecido nas redes sociais como “prefeito tiktoker”, pagou R$ 183 mil em dinheiro vivo como entrada em um imóvel de alto padrão em condomínio fechado da cidade. Segundo investigação da Policia Federal, o valor fazia parte do preço total de R$ 1,5 milhão do imóvel.

A operação “Copia e Cola” investiga desvios de verba na Saúde, e o imóvel em questão foi alvo de um mandado de busca e apreensão da Polícia Federal em abril. A primeira-dama, Sirlange Maganhato, também está sendo investigada no caso. A polícia suspeita de uma série de movimentações financeiras irregulares envolvendo o casal.

De acordo com a investigação, foram identificadas duas compras em nome de Rodrigo Manga, sendo a primeira a compra da casa no condomínio Chácara Ondina, com o uso do dinheiro vivo para pagar uma parte do valor do imóvel. O restante do valor foi financiado.

A apuração também envolveu a empresa da primeira-dama de Sorocaba, Sirlange Frate Maganhato. A quebra de sigilo bancário da empresa revelou transações financeiras suspeitas, incluindo o recebimento de R$ 750 mil de uma igreja de propriedade da irmã e do cunhado de Sirlange.

A relação entre o prefeito e o empresário Marco Mott, amigo pessoal de Rodrigo Manga, também está no centro da investigação. Ele é apontado como operador financeiro do prefeito e da primeira-dama. Durante a investigação, foram encontrados mais de R$ 6 milhões em depósitos feitos em dinheiro vivo e sem origem comprovada em suas contas.

Os depósitos foram feitos em diferentes datas e foram monitorados pela Polícia Federal, incluindo um vídeo em que Mott aparece fazendo um depósito de R$ 20,4 mil em um banco de Sorocaba. A movimentação de grandes quantidades de dinheiro em espécie levantou suspeitas de lavagem de dinheiro e corrupção.

O empresário Marco Mott, amigo do prefeito bolsonarista Rodrigo Manga. Foto: Reprodução

A investigação aponta que Mott, embora não tenha cargo político, teve acesso irrestrito à Prefeitura de Sorocaba desde que Rodrigo Manga assumiu o cargo. Durante esse período, ele participou de reuniões com secretários e empresários no prédio da prefeitura.

A Polícia Federal identificou que, em algumas dessas reuniões, ele saiu da sala de reunião para fazer depósitos de dinheiro em banco. Essas transferências coincidem com o período em que o empresário fez transferências financeiras para a empresa registrada em nome da primeira-dama de Sorocaba.

Os dados bancários e fiscais de Mott e das empresas que ele controla sugerem que parte dos recursos movimentados é proveniente de corrupção e contratos fraudulentos na área da saúde de Sorocaba.

De acordo com a Polícia Federal, ele realizou 52 depósitos fracionados em dinheiro, todos em espécie, com valores incompatíveis com sua atividade empresarial. Além disso, as notas estavam em condições inadequadas, como úmidas e malcheirosas, o que aumentou a desconfiança dos órgãos de fiscalização.

Em resposta às acusações, a defesa de Rodrigo Manga e de sua esposa, a primeira-dama Sirlange, afirmou que seus nomes foram mencionados de forma indevida na investigação e que se tratava de uma perseguição política. Eles negaram as acusações de envolvimento em esquemas fraudulentos e alegaram que estavam sendo alvo de um processo injusto.

A operação “Copia e Cola” continua em andamento e envolve a investigação de ao menos 10 pessoas e diversas instituições em Sorocaba. A Polícia Federal está focada em apurar os desvios de recursos da saúde municipal e como o prefeito e seus aliados estariam envolvidos no esquema.