A Prefeitura de São Paulo destinou R$ 5 milhões para patrocinar dois eventos evangélicos de grande porte no fim de ano. O primeiro, realizado no sábado (27/12), é o “Especial Fim de Ano – Aline Barros e Convidados”, um show com sete atrações em um templo da Igreja Renascer em Cristo. A prefeitura bancou os custos dos shows, incluindo apresentações de Anderson Freire, Imaginaline e Preto no Branco, totalizando R$ 1 milhão.
O segundo evento, o “Vira Brasil – São Paulo”, será realizado na Neo Química Arena, estádio do Corinthians, na virada de ano. A Convenção Batista Lagoinha, liderada pelo pastor André Valadão, recebeu R$ 4 milhões da Secretaria Municipal de Turismo para o evento, que busca reunir milhares de pessoas para celebrar a entrada de 2026. O Vira Brasil foi polêmico no ano anterior, quando, apesar da recusa inicial do alvará pela prefeitura, o evento foi autorizado após mudanças na legislação municipal.
O evento na Renascer Arena contará com a participação de artistas como Aline Barros e outros nomes de destaque da música gospel. A contratação das atrações foi feita pela prefeitura de São Paulo, que, ao todo, pagou R$ 1 milhão em cachês. A prefeitura justificou o patrocínio como parte de sua estratégia para promover eventos culturais em São Paulo, mas a ligação religiosa dos eventos foi omitida nas comunicações oficiais.
O evento da Lagoinha, que foi transferido de última hora para a Neo Química Arena, foi uma decisão apoiada pessoalmente pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB). Ele participou de um culto evangélico na Igreja Renascer em Cristo, onde fez um discurso emocionado ao lado de Valadão, reafirmando seu apoio ao evento. O patrocínio foi solicitado oficialmente pela convenção no dia 13 de dezembro, poucos dias antes da aprovação do valor.
A organização do Vira Brasil prevê parte do evento com ingressos gratuitos e outra parte com ingressos cobrados, com preços variando de R$ 3.000 a R$ 7.000. A Lagoinha informou que R$ 2,7 milhões dos R$ 4 milhões solicitados serão destinados ao aluguel do estádio, com o restante custeando outras despesas.
Em 2024, o evento da Lagoinha foi marcado por controvérsias, com protestos de moradores e polêmicas sobre o horário do evento, que chegou a virar a madrugada. Embora o alvará tenha sido inicialmente negado, a Câmara Municipal aprovou a modificação no PSIU (Programa de Silêncio Urbano), permitindo eventos até altas horas. Essa modificação foi posteriormente derrubada pela Justiça, mas o evento de 2025 ocorrerá com novos ajustes.
A Prefeitura de São Paulo, que costuma apoiar eventos culturais e esportivos, tem investido cada vez mais em patrocínios a eventos religiosos, o que gerou críticas entre setores da sociedade. A ligação entre política e igrejas evangélicas tem sido um tema recorrente nas discussões públicas, com algumas pessoas questionando o uso de recursos públicos em eventos religiosos.
Com as festividades de fim de ano se aproximando, a cidade de São Paulo se prepara para mais uma série de eventos financiados com dinheiro público, incluindo os festivais evangélicos que, além de promoverem a cultura gospel, também servem como ponto de encontro para milhares de pessoas. No entanto, a questão do uso de recursos públicos para eventos religiosos continua sendo um debate acirrado na capital paulista.