‘Prefiro que minha filha se torne prostituta e não banqueira’

Atualizado em 2 de fevereiro de 2013 às 13:34
Becky Adams

 

Existe um incômodo enorme entre os britânicos em relação aos bancos e aos banqueiros.

Por motivos óbvios.

No Reino Unido, o marco zero da crise financeira ainda hoje viva foi a espetacular quebra, no final da década de 2 000, do RBS, o Royal Bank of Scotland.

Sob o comando de Fred Godwin, intensamente festejado pelas publicações de negócios internacionais, o RBS foi crescendo de forma extremamente arriscada – suicida, na verdade. Era um dos maiores bancos do mundo quando vergou sob um rombo de 20 bilhões de libras, a maior quebra da história econômica britânica.

Foi socorrido com dinheiro do contribuinte. Que não ficou nada feliz quando soube que Godwin, fora toda a fortuna que acumulara em bônus com sua estratégia de curto prazo desastrosa, sairia com uma pensão vitalícia de mais de 700 000 libras por ano.

Mais recentemente, o Barclays foi pilhado manipulando a tradicionalíssima “libor” – a taxa pela qual bancos britânicos e estrangeiros fixam os juros com os quais trabalham. O presidente do Barclays, Bob Diamond, teve que sair, sob o clamor da opinião pública indignada. Seu pacote de saída: 20 milhões de libras. Mais ou menos 50 milhões de reais. Diamond foi obrigado a aceitar uma redução. Mesmo assim, saiu com 2 milhões de libras.

“Há um problema sério de cultura nos bancos”, diz Robert Peston, editor de Negócios da BBC. A desregulamentação nascida na era Thatcher tirou qualquer controle governamental sobre a ganância de banqueiros interessados em seus bônus imediatos – e indiferentes ou cegos aos problemas que poderiam estar causando no futuro do negócio.

A opinião pública reclama que os bancos sejam submetidos à mesma investigação pela qual tem passado a mídia depois do escândalo das violações de mensagens de celulares promovidas pelos tablóides de Rupert Murdoch.

O melhor retrato da imagem dos bancos perante a sociedade britânica acaba de aparecer. Uma conhecida – e aposentada – dona de uma rede de prostituição de luxo, Becky Adams, é destaque estes dias na mídia depois de ter dito o seguinte: “Prefiro que minha filha adolescente seja prostituta e não banqueira. Pelo menos é uma profissão honesta.”

Clap, clap, clap.