
A decisão dos Estados Unidos de retirar a tarifa extra de 40% sobre parte dos produtos brasileiros mobilizou produtores, entidades e autoridades. A medida, publicada pela Casa Branca, vale para cargas que entraram no país desde 13 de novembro e abrange carne bovina, café, açaí, cacau e mais de 200 itens adicionados à lista de exceções. Na semana anterior, Washington já havia reduzido tarifas de outros 200 produtos, ampliando o impacto sobre setores centrais das exportações brasileiras. Com informações do g1.
Entre os beneficiados, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes afirmou que a decisão fortalece a previsibilidade comercial e destacou o resultado das negociações conduzidas pelo governo brasileiro. Para a entidade, o setor tende a recuperar estabilidade nos preços após meses de pressão.
No café, Marcos Matos, diretor-geral do Cecafé, chamou a mudança de “presente de Natal antecipado”. Segundo ele, a nova ordem devolve “isenomia” ao Brasil no mercado americano, depois de retração nas vendas desde a primeira medida tarifária de Donald Trump. Matos afirmou que a expectativa é de retomada gradual do espaço das marcas brasileiras nos EUA.

A Amcham Brasil avaliou a medida como “muito positiva” e cobrou a ampliação das renegociações. Para a entidade, a retirada das sobretaxas representa “um avanço importante rumo à normalização do comércio bilateral” e mostra que o diálogo de alto nível entre os governos pode resultar em novos ajustes. A avaliação é de que a competitividade das empresas brasileiras tende a melhorar no curto prazo.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, classificou a decisão como “excelente notícia” e “tranquilizadora”. Ele ressaltou que a retirada da tarifa adicional é positiva para ambos os países, citando o impacto sobre alimentos consumidos nos EUA. “Ainda tem muito a negociar, mas para a agropecuária brasileira foi excelente”, disse. Fávaro citou Lula ao afirmar que “não tem assunto proibido” nas conversas entre os governos.
O Ministério da Agricultura também destacou a inclusão de água de coco e castanhas na lista. Luís Rua, secretário de comércio e relações internacionais da pasta, disse que a medida devolve ao Brasil acesso competitivo ao mercado americano em cadeias produtivas importantes. Para ele, a decisão ajuda na “estabilização de preços” e fortalece a presença brasileira nos EUA.
Lideranças políticas da base do governo atribuíram a mudança ao diálogo diplomático recente. Lindbergh Farias disse que a decisão é fruto da “liderança” de Lula, do “trabalho estratégico” do vice-presidente Geraldo Alckmin e da “diplomacia firme e competente” do chanceler Mauro Vieira. Já Humberto Costa afirmou que a retirada de sobretaxas é “uma vitória do diálogo” e criticou opositores, dizendo que a medida representa “uma derrota para os traidores da pátria”.