Presidente do Parlamento canadense lamenta homenagem a veterano nazista da Ucrânia

Atualizado em 25 de setembro de 2023 às 13:34
Zelensky e Trudeau homenageiam nazista (Foto: Reuters)

O presidente da Câmara dos Comuns do Canadá, Anthony Rota, encontrou-se no centro de uma grande controvérsia ao prestar homenagem a Yaroslav Hunka, de 98 anos. Hunka foi reconhecido como um “herói ucraniano e canadense” em uma sessão do Parlamento canadense, que contou com a presença do primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, e do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. O ato gerou indignação e questionamentos, uma vez que Hunka teve envolvimento com uma unidade nazista durante a Segunda Guerra Mundial.

Yaroslav Hunka e a controvérsia nazista

Hunka serviu na controversa 14ª Divisão de Granadeiros Waffen da SS, conforme revelado pelo “Friends of Simon Wiesenthal Center”, um respeitado grupo judeu de direitos humanos. Este grupo demandou um pedido de desculpas oficial, destacando os laços bem documentados de Hunka com a máquina de guerra nazista.

Repercussão e pedidos de desculpas

Rota, assumindo total responsabilidade pelo incidente, caracterizou a homenagem como um descuido e expressou seu arrependimento em um comunicado, apresentando suas “desculpas mais profundas” às comunidades judaicas globalmente. Este comunicado seguiu-se a uma ovação de pé a Hunka no Parlamento, gesto que contou com a participação de Zelensky e Trudeau.

“Posteriormente, tomei conhecimento de mais informações que me fazem lamentar minha decisão”, disse, oferecendo suas “mais profundas desculpas às comunidades judaicas no Canadá e em todo o mundo”.

Contexto político e relações internacionais

Este incidente aconteceu após a visita de Zelensky ao Parlamento Canadense, onde ele agradeceu o apoio do Canadá à Ucrânia em seu conflito contra a Rússia. A iniciativa de Rota, não compartilhada previamente com outros membros do Parlamento ou com a delegação ucraniana, gerou questionamentos e exigências de esclarecimentos por parte da Rússia.

Reflexões e implicações

Dominique Arel, especialista em estudos ucranianos da Universidade de Ottawa, destacou o simbolismo problemático e a má ótica de homenagear alguém associado a uma organização criminosa do século 20. Este incidente ocorre em um momento delicado, quando a Rússia justifica sua invasão à Ucrânia como uma medida para desnazificar e desmilitarizar a região, e quando Zelensky, de origem judaica, recorda a perda de familiares no Holocausto.

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