Presidente do PR diz que delegado da PF deve ser responsabilizado por ataque na Vigília Lula Livre. Por Murilo Matias

Atualizado em 4 de maio de 2018 às 21:10

O Partido da República transita com desenvoltura pela República de Curitiba. A legenda que abriga a deputada federal mais votada do Paraná, Christina Yared (eleita pelo PTN) e mais dois parlamentares é também o partido de Gastão Schefer Neto, delegado da Polícia Federal que de maneira violenta quebrou os equipamentos de som utilizados pelos apoiadores de Lula durante os atos políticos na vigília localizada próxima à sede da PF de Curitiba, na manhã desta sexta-feira.

O presidente estadual da sigla e também deputado federal, Fernando Giacobo criticou o ato de agressão. “Eu repudio qualquer atitude violenta. Se ele agiu como foi descrito acho vergonhoso. Eu não sei se ele ainda está no PR, teve uma vez um delegado que foi candidato, mas não me lembro bem, não sei onde anda, o que faz”. Situado no campo conservador e ligado em muitas partes do Brasil a igrejas evangélicas, o PR apoiou em 2014 a candidatura à bancada federal de Gastão Neto, que contribui com mais de vinte mil votos para a coligação composta por outras siglas de direita como PSDB, DEM, Solidariedade e PSD.

Apesar da antiga relação, o partido não deve se envolver no caso. “Ele tem que ser responsabilizado pela ação que cometeu e por sua corporação, que precisa ser um exemplo de boas atitudes e não de más. A polícia tem que apurar independentemente de ideologia partidária”, ressaltou Giacobo. De acordo com membros do coletivo de advogados pela democracia, o denunciado poderia ter sido preso em flagrante caso a lei 163 de dano qualificado com pena prevista de seis meses a um ano ou multa fosse empregada pela Polícia Civil, que liberou Gastão Schefer para voltar a sua casa.

O Boletim de Ocorrência registrado e a denúncia na corregedoria da Polícia Federal podem ser seguidas de ações na esfera da Justiça comum, uma vez que o delegado não estava no cumprimento de sua função ao quebrar os equipamentos. Presente em toda a situação, a deputada federal Ana Perugini (PT-SP) que havia dormindo na noite anterior no acampamento prestou depoimento e levará o fato para ser acompanhado pela Corregedoria Nacional e Ministérios da Justiça e da Segurança.

Além do episódio desta sexta-feira, o Paraná é palco de uma escalada de violência política contra militantes da esquerda e dos movimentos sociais. O ataque a tiros à caravana do ex-presidente Lula em março ainda não foi esclarecido, embora já se tenha confirmado a autenticidade  dos fatos. O mesmo acontece com o atentado promovido por um homem portando uma nove milímetros realizado contra o acampamento resultando no ferimento de duas pessoas e cujo autor segue sem ser identificado.

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Murilo Matias é jornalista, colaborador de publicações internacionais, como o Le Monde, e fez este artigo exclusivo para o Diário do Centro do Mundo.