Presidente do Senado não vai acatar decisão de juiz que barrou Renan na relatoria da CPI da Covid

Atualizado em 27 de abril de 2021 às 7:55
Renan Calheiros. Foto: Reprodução/Twitter

Da Rede Brasil Atual:

Tudo indica que o bolsonarismo tenha dado um tiro no pé com a decisão do juiz Charles Renaud Frazão de Moraes, do Distrito Federal, que concedeu liminar, nesta segunda-feira (27), para impedir que o senador Renan Calheiros (MDB-AL) assuma a relatoria da CPI da Covid. A liminar foi concedida em ação movida pela deputada federal bolsonarista Carla Zambelli. Em nota, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirmou que não vai acatar a decisão. A instalação da CPI está prevista para as 10h desta terça-feira (27).

“A escolha de um relator cabe ao presidente da CPI, por seus próprios critérios. Trata-se de questão interna corporis do Parlamento, que não admite interferência de um juiz. A preservação da competência do Senado é essencial ao Estado de direito. A Constituição impõe a observância da harmonia e independência entre os poderes”, afirma o presidente do Senado, na nota.

Renan Calheiros também reagiu à decisão. “Nada tem a ver com Justiça de primeira instância. Não há precedente na história do Brasil de medida tão esdrúxula como essa. Estamos entrando com recurso e pergunto: por que tanto medo?”, disse, também em nota. “É uma interferência indevida que subtrai a liberdade de atuação do Senado. Medidas orquestradas pelo governo Jair Bolsonaro e antecipada por seu filho. A CPI é investigação constitucional do Poder Legislativo e não uma atividade jurisdicional”, escreveu o senador.

Segundo o site Congresso em Foco, o juiz da 2ª Vara da Justiça Federal de Brasília que tenta impedir que Renan assuma a relatoria já foi acusado de cometer crimes. Seria por uma denúncia do Ministério Público Federal (MPF), que acusou o magistrado de receptação, enquanto era presidente da Associação de Juízes Federais da 1ª Região (Ajufer).

O juiz que acatou um pedido da deputada extremista estaria envolvido em um esquema envolvendo uma sala comercial da Ajufer em Brasília em 2010, em negociação que teria o objetivo, dele e outros juízes, de pagar dívidas pessoais de um empréstimo com o fundo de poupança do Exército (Poupex), segundo o site.