
Conversa reservada entre parlamentares, pouco antes de Glauber Braga (PSOL-RJ) assumir a cadeira de Hugo Motta, expôs a irritação de vários deputados com o que foi apresentado na reunião de líderes.
Entre eles, o mais direto era Leo Prates (PDT-BA), que contou aos colegas que o clima azedou quando Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) apontou que só 58% das emendas impositivas tinham sido pagas. Mauro Benevides (PDT-CE), Leônidas Cristino (PDT-CE) e outros dois deputados acompanharam o debate.
De acordo com o Globo, Prates relatou que, na reunião de líderes, Sóstenes cobrou os pagamentos, Motta pediu apoio para liberar recursos, enquanto Lindbergh Farias e José Guimarães garantiram quitação até 30 de dezembro. Segundo ele, a sequência dos fatos deixou claro que havia insatisfação acumulada.
Na conversa captada, Prates disse que a oposição demonstrou forte irritação com o atraso nas emendas obrigatórias, justamente no fim do ano, o que poderia travar a votação do Orçamento de 2026. Outro deputado afirmou que Motta foi direto ao ponto ao avisar que, sem avanço na liberação das verbas, “a Casa não anda”.
IRRITAÇÃO | Em uma conversa flagrada pelo GLOBO momentos após a reunião de líderes em que anunciou a votação da proposto, parlamentares do PDT relataram cobranças da oposição para que os recursos fossem liberados.
O texto foi aprovado pela Casa na madrugada de quarta-feira, e… pic.twitter.com/GtGKJk7zTX
— Jornal O Globo (@JornalOGlobo) December 10, 2025
Houve ainda quem mencionasse a possibilidade de apoiar o projeto da Dosimetria, visto como favorável a Jair Bolsonaro, para enviar um recado ao Planalto. A pauta avançou depois de semanas de impasse. O relatório de Paulinho da Força (Solidariedade-SP) reduz punições ao impedir a soma de crimes ligados ao Estado Democrático de Direito e cria redutores para participantes sem papel de comando ou financiamento, mas não prevê anistia.
Os números atualizados mostram R$ 50,37 bilhões destinados às emendas, com R$ 38,24 bilhões já empenhados (75,9%). Do total, R$ 26,88 bilhões foram liquidados e R$ 26,54 bilhões pagos, alcançando 52,7%.
Entre as individuais, R$ 18,55 bilhões foram liberados, equivalendo a 75,6% do que está empenhado. As de bancada somam R$ 4,51 bilhões pagos (34% da verba prevista), e as de comissão chegam a R$ 3,47 bilhões pagos, cerca de 30,2% da dotação.