Pressionado, Netanyahu rejeita cessar-fogo e planeja ocupação de Gaza

Atualizado em 10 de agosto de 2025 às 16:41
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, em entrevista à emissora americana ABC News, nesta segunda (16). Foto: Reprodução

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, afirmou neste domingo (10) que o país seguirá com a ocupação da Cidade de Gaza diante da recusa do Hamas em depor as armas. Em entrevista coletiva, ele declarou que “não há alternativa a não ser terminar o trabalho e derrotar o Hamas”, alegando que o grupo ainda conta com milhares de combatentes. O plano, segundo Netanyahu, não busca manter presença israelense permanente no território, mas “libertá-lo do terrorismo”.

A decisão ocorre em meio a forte pressão internacional, incluindo governos europeus, países árabes e familiares de reféns israelenses. Organizações de direitos humanos denunciam violações graves e acusam Israel de genocídio, o que o governo nega. O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, informou que 217 pessoas morreram de desnutrição desde o início da guerra, incluindo 100 crianças, enquanto o total de mortos ultrapassa 61 mil.

Pessoas passam por barracas em meio aos escombros de edifícios destruídos por ataques israelenses em Khan Yunis, na Faixa de Gaza. Foto: Bashar Taleb/AFP

Netanyahu minimizou inicialmente relatos de fome generalizada, mas depois admitiu “problema de privação” no território, atribuindo-o ao Hamas e à ONU. Israel afirma permitir a entrada de 140 caminhões de ajuda por dia, volume considerado insuficiente por agências humanitárias, que apontam bloqueios e controle da distribuição por uma fundação apoiada por Israel e EUA. Segundo a ONU, quase 1.400 palestinos morreram ao tentar receber alimentos desde maio.

O plano militar prevê destruir “os dois últimos bastiões” do Hamas e entregar Gaza a um órgão civil não israelense, excluindo a Autoridade Palestina. A proposta é rejeitada por famílias de reféns, que temem pela vida dos sequestrados. Relatos apontam divergências internas no governo e nas Forças Armadas, com o chefe do Exército alertando para riscos aos prisioneiros. O Hamas ameaça “sacrificar” os reféns caso a ofensiva avance.

A pressão também cresce fora de Israel. Reino Unido e França manifestaram intenção de reconhecer o Estado palestino, o que Netanyahu classificou como “uma mentira” e acusou palestinos de buscar a destruição do Estado judeu. Já a extrema direita israelense cobra ocupação total de Gaza e transferência da população, enquanto parte da oposição critica a mobilização tardia de reservistas.

Apesar das críticas internas e externas, Netanyahu declarou que busca “maneiras criativas” para libertar os reféns e reafirmou que derrotar o Hamas é o caminho para encerrar a guerra. A ofensiva em Gaza, iniciada há 22 meses, segue sendo um dos maiores focos de tensão internacional e divide até a coalizão governista israelense.