Primo de Lira, superintendente do Incra em Alagoas, é acusado de desviar dinheiro

Atualizado em 29 de julho de 2023 às 7:34
César Lira, superintendente do Incra em Alagoas e seu primo Arthur Lira (Progressistas-AL). Foto: reprodução

César Lira, superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Alagoas, está sendo investigado pelo Ministério Público Federal (MPF) sob a acusação de desviar diárias de viagem pagas pelo governo a funcionários terceirizados. A ação começou após atritos de Lira com a empresa terceirizada Mega Service, com a qual a superintendência do Incra tinha contrato.

César, que foi nomeado por indicação de seu primo Arthur Lira (Progressistas-AL), atual presidente da Câmara dos Deputados, em 2017, é suspeito de pressionar a demissão de oito funcionários da Mega Service para contratar seus indicados. Esses funcionários ligados a César Lira receberiam diárias por viagens fictícias, que eram posteriormente desviadas, conforme apontam as investigações conduzidas pela Polícia Federal (PF). O inquérito da PF também gerou uma investigação por crime eleitoral, cujos detalhes estão sob sigilo.

Segundo o jornal Metrópoles, os depoimentos colhidos durante a investigação revelaram que os funcionários recebiam pagamentos por viagens que não foram efetivamente realizadas, e que postavam fotos em locais diferentes dos que constavam nas ordens de serviço. Um dos servidores, Cristiano Dorta, próximo ao superintendente, recebeu em média R$ 2,9 mil extras por mês em diárias pagas pelo Incra.

Em depoimento, uma testemunha contou que o Incra “enviou” Dorta para compromissos em Branquinha e Japaritinga, “porém nessas datas o mesmo postou fotos estando em Boa Viagem (Recife) e Maceió”. “Começaram a haver as demissões dos funcionários e substituição a partir das indicações do superintendente”, disse.

O ex-presidente, Jair Bolsonaro (PL), ao lado de César Lira. Foto: reprodução

A Mega Service teria sido pressionada a “contribuir financeiramente” para manter o contrato com o Incra. Quando a empresa se recusou a atender às exigências, os pagamentos atrasaram. “Como houve a negativa de repasse de dinheiro, como eles queriam, o contrato continuou e começaram a haver os atrasos no repasse do pagamento (à Mega Service)”, afirmou o depoente.

A defesa de César Lira negou as acusações e afirmou que o proprietário da Mega Service o acusou de perseguição e retaliação contra a empresa por demitir funcionários que não faziam parte do grupo político do superintendente. Ele também já esteve envolvido em uma investigação anterior da PF, a Operação Taturana, que desvendou um esquema de funcionários fantasmas na Assembleia Legislativa de Alagoas, resultando em desvios de R$ 300 milhões.

O governo busca substituir César Lira na direção do Incra, mas aguarda a autorização do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, seu primo, para efetuar a mudança. As investigações sobre o caso e a ação de improbidade contra o superintendente estão em andamento e sob sigilo. A defesa de Lira acredita que a ação de improbidade será julgada improcedente.

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