
Por Alberto Carlos Almeida
A principal diferença entre estes dois episódios diz respeito ao estilo da tomada de decisão, o que envolve “quem toma a decisão”. No caso de Lula foi um grupo de arrivistas, no caso de Bolsonaro é a elite política. Lula só foi preso por causa de atos inconsequentes de um juiz de primeira instância concursado (isso é importante, pois o concurso o faz se achar dono do cargo), um procurador também concursado e uma mídia em decadência face à emergência das mídias sociais.
No caso da inelegibilidade de Bolsonaro a decisão foi tomada (escrevo antes da decisão com o verbo no passado porque ele efetivamente já está tomada) por uma elite política, portanto, por pessoas que calculam custos e benefícios de maneira muito racional, não são arrivistas.
Os juízes do TSE fazem parte da elite política. Ainda que não sejam eleitos pelo voto direto, sua nomeação depende de quem o é. Portanto, para ter um assento no TSE é preciso uma articulação e construção política, e não passar em um concurso.
Os juízes das supremas cortes são tão elite política quanto o Presidente da República, deputados e senadores. A elite não se comporta como militantes de Twitter, juízes de primeira instância, procuradores obscuros em busca de fama ou editores e proprietários de mídias em campanha anti-governo, a elite pesa e pondera, sempre.

A decisão do TSE de tornar Bolsonaro inelegível foi lenta, sóbria, pensada, fundamentada, tornou-se antes consenso à direita e à esquerda, tudo o que não foi feito na prisão de Lula. Trata-se, portanto, de uma decisão sustentável que não contribui para polarizar ainda mais o país, pelo contrário, retirar Bolsonaro do jogo por várias eleições abre espaço para uma direita mais civilizada.
Dificilmente aparecerá na próxima década alguém tão radicalizado como Bolsonaro. Aplausos para nossa elite política que, desta vez, não se deixou levar pelos arrivistas e amadores de plantão. O estrago dos últimos anos foi grande e está concretizado no baixo nível de vários governadores. Levará ainda mais algum tempo para que eles sejam varridos do mapa pelos verdadeiros profissionais da política.
(1/n) PRISÃO DE LULA vs INELEGIBILIDADE DE BOLSONARO: A PRINCIPAL DIFERENÇA
A principal diferença entre estes dois episódios diz respeito ao estilo da tomada de decisão, o que envolve "quem toma a decisão". No caso de Lula foi um grupo de arrivistas, no caso de Bolsonaro é a— Alberto Carlos Almeida (@albertocalmeida) June 30, 2023