“Procedimento padrão”: Itaú chamou a polícia para jovem negra, mas Queiroz sacava tranquilamente na agência

Atualizado em 31 de janeiro de 2020 às 11:32
Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz na inauguração de sua loja de chocolates

A história de racismo no Itaú compartilhada por Lorena Vieira, mulher do DJ Rennan da Penha, provocou uma resposta por parte do banco enviesada por motivos vários.

Lorena diz que foi “humilhada e esculachada” por “receber um bom dinheiro” na conta.

“Meu dinheiro está PRESO e eu quase fui PRESA por NADA. Não é porque eu sou preta e humilde que eu sou criminosa”, escreveu no Twitter. 

Ela foi para a delegacia depois de ter ido à agência na Penha, Zona Norte do Rio, para desbloquear um cartão e sacar 1 500 reais.

“Ela (a funcionária) falou: ‘Só falta mais 15 minutinhos para o seu problema ser resolvido’. E aí chegaram os policiais. Eu fiquei revoltada na hora. Fiquei muito chateada, as pessoas ali devem achar que eu fui presa ou eu não sei. É uma vergonha, ridículo”, disse Lorena.

“Eu me senti ofendida. Segundo eles, eu sou fraude, laranja. Segundo eles, aquele dinheiro não era meu”.

A corporação alegou que “o procedimento adotado na agência é padrão em casos de suspeita de fraude, e não tem qualquer relação com questões de raça ou gênero”.

Balela.

Neste exato momento, grana de origem ilícita está sendo movimentada no Itaú — não apenas lá, evidentemente — sem que o cidadão acima de qualquer suspeita seja minimamente incomodo.

Ser branco ajuda e muito.

Laranja dos Bolsonaros, por exemplo, é recebido com tapete vermelho.

Os internautas lembraram do tratamento do Itaú no caso Queiroz, destacando esse trecho de matéria de janeiro de 2019 na Veja:

A maior parte dos saques efetuados pelo ex-policial militar Fabrício José Carlos de Queiroz, ex-motorista de Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), monitorados pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), foi feito em uma agência bancária do Banco Itaú na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), onde o filho do presidente eleito Jair Bolsonaro é deputado estadual e Fabrício foi seu assessor.

A agência do Itaú na Alerj registrou vultuosas operações em espécie por parte de Queiroz.

No período abrangido pelo relatório do Coaf, ele fez 36 saques, num total de quase 160 mil reais.

Truco, ladrão.

**** 

O DCM recebeu o seguinte email da assessoria de imprensa do Itaú:

O Itaú Unibanco lamenta e se desculpa pelos transtornos causados a Lorenna Vieira nesta quinta-feira, no Rio de Janeiro, e já entrou em contato com ela para resolver a situação. O Itaú Unibanco esclarece que o procedimento adotado na agência é padrão em casos de suspeita de fraude, e não tem qualquer relação com questões de raça ou gênero. O objetivo era proteger os recursos de Lorenna de possível fraude, uma vez que já havia um bloqueio preventivo de sua conta corrente e era difícil identificá-la com o documento apresentado no caixa. O Itaú Unibanco acredita que toda forma de discriminação racial deve ser combatida.