Processem, mas não censurem o Véio da Havan. Por Moisés Mendes

Atualizado em 24 de julho de 2020 às 17:46

Publicado no Blog do Moisés Mendes

O dono da Havan, Luciano Hang, e o presidente Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução)

Um dos mais perigosos pregadores negacionistas, porque induz as pessoas ao erro e até à morte, é um deputado vidente que circula desde antes do coronavírus. Este é um disseminador de ignorâncias com consequências trágicas.

Mas ele continua atuando e sendo entrevistado, talvez por que tenha imunidade, quando deveria, este sim, por conduta criminosa contra a saúde pública, ser contido pelos gestores das redes sociais.

Um sujeito que induz as pessoas a se comportarem contra a segurança da maioria, brincando com a vida alheia em meio a uma pandemia (é o mesmo caso de Bolsonaro), deve ter o que diz e faz sob controle.

Eu aplaudiria se cortassem a fala e os textos de indivíduos negacionistas de alto risco, como esse vidente que erra tudo. Devem ser censurados e processados pelos crimes que cometem.

Digo isso porque tenho dúvidas sobre a necessidade da medida radical que determinou hoje o bloqueio de contas no Facebook e no Twitter de empresários e outros acusados de ofenderem ou ameaçarem autoridades.

Criminosos ameaçadores devem ser investigados e processados e, se preciso, contidos pela polícia, pelo Ministério Público e pela Justiça. Que sejam presos, de isso for preciso. Mas não podem, em liberdade, sofrer censura pelo que possam vir a dizer.

Que sejam processados pelo que disseram, mas não censurados. E que ataques, injúrias, mentiras, difamações e agressões comprovadas sejam retiradas da internet.

Mas eles não podem ser impedidos de se expressar pelo risco do que poderiam vir a dizer. Não podem impedir que falem, sob o argumento de que podem voltar a dizer o que já disseram.

Devem ser censurados e contidos, entre tantos outros, os que cometem crimes contra a saúde pública e que exploram desinformação e boa-fé, porque são criminosos que põem em risco a vida dos outros. Além dos que exploram a intimidade alheia e atentam contra a infância e adolescência.

Não é o caso dos que emitem opiniões pessoais, mesmo que disfarçadas de posições políticas, por mais agressivas que sejam. Esses devem ser enquadrados e pagar pelos crimes. Mas não com censura, até porque continuam em liberdade.

Mandar censurar é uma medida cômoda, porque transfere a punição para as redes sociais.

Este são os censurados pelo Facebook e pelo Twitter, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, no inquérito que investiga fake news e ameaças a autoridades:

Ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), Sara Giromini (conhecida como Sara Winter), o blogueiro Allan dos Santos, os empresários Luciano Hang, Edgard Corona (da rede de academias Smart Fit) e Otávio Fakhoury, o blogueiro Bernardo Küster, Edson Salomão (chefe de gabinete do deputado estadual Douglas Garcia, do PTB em SP), o militante do PSL Eduardo Fabris Portella, o youtuber Enzo Momenti, os monarquistas Marcelo Stachin e Rafael Moreno, Marcos Bellizia (porta-voz do movimento Nas Ruas), o empresário Paulo Gonçalves Bezerra, Rodrigo Barbosa Ribeiro (assessor de Douglas Garcia), o humorista Reynaldo “Rey” Bianchi e o youtuber Winston Rodrigues Lima, conhecido como comandante Winston.

Moisés Mendes
Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim) - https://www.blogdomoisesmendes.com.br/