Procuradores que defenderam a Lava Jato são aqueles que queriam grana. Por Moisés Mendes

Atualizado em 17 de dezembro de 2019 às 8:13
Moro e Dallagnol. Foto: Reprodução/BandNews/Twitter

Publicado originalmente no blog do autor

Se tivessem tempo, quase todos os procuradores alinhados com a Lava-Jato teriam defendido a operação atacada pelo ministro Dias Toffoli.

O presidente do Supremo disse em entrevista ao Estadão que a Lava-Jato quebrou empresas investigadas.

Deltan Dallganol rebateu no Twitter:
“Dizer que a Lava Jato quebrou empresas é uma irresponsabilidade. Primeiro: é fechar os olhos para a crise econômica relacionada a fatores que incluem incompetência, má gestão e corrupção. Segundo: É culpar pelo homicídio o policial porque ele descobriu o corpo da vítima, negligenciando o criminoso. Os responsáveis são os criminosos. A Lava Jato aplicou a lei”.

Até membros subalternos da Lava-Jato responderam ao presidente do STF. O procurador Roberson Pozzobon afirmou:

“A Lava Jato não ‘destruiu’ empresa nenhuma. Descobriu graves ilícitos praticados por empresas e as responsabilizou, nos termos da lei. A outra opção seria não investigar ou não responsabilizar. Isso a Lava Jato não fez”.

Pozzobon quer tudo transparente. Tanto quis que foi ele quem articulou com Dallagnol, no final de 2018, a criação de uma empresa que faria a gestão das palestras dos dois. Mas eles não iriam aparecer como empresários. A empresa seria aberta em nome das mulheres deles.

Os dois ficariam ricos. Dallagnol pretendia arrecadar até R$ 400 mil num ano. A conversa vendida como marketing, de que as palestras seriam parte dos gestos magnânimos para difundir o combate à corrupção, foi pro brejo.

Os procuradores queriam grana, queriam montar negócio. É o que aparecia com deslavada clareza nos diálogos vazados entre os dois (e de Dallagnol com a mulher), divulgados pela Folha e pelo Intercept.

Pois agora Dallagnol e Pozzobon saíram em defesa da Lava-Jato, porque entendem que tudo o que fizeram foi às claras e dentro da lei.

Mas o ex-juiz Sergio Moro, que agia como se fosse chefe deles na Lava-Jato, ficou quieto. Moro não vai dizer nada a respeito da declaração de Toffoli?