Professor primo de Bolsonaro morre de covid-19 em Florianópolis

Atualizado em 14 de maio de 2021 às 22:29
Álvaro Alberto, primo de Bolsonaro, ficou um mês internado no Hospital Baía Sul, em Florianópolis – Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação/ND

Originalmente publicado em ND+

Por Felipe Bottamedi

O professor universitário Álvaro Alberto de Araújo morreu na última quinta-feira (6), aos 52 anos, vítima da Covid-19. Ele ficou quase um mês internado no Hospital Baía Sul, em Florianópolis. Araújo era primo de Jair Bolsonaro, informação confirmada pela família do presidente.

Ele é primo de Jair Bolsonaro pela parte materna. A mãe do professor é irmã de Geraldo Bolsonaro, pai do presidente. A informação foi confirmada por Vânia Bolsonaro, irmã de Jair Bolsonaro, que não quis falar sobre o assunto.

Álvaro Alberto se mudou para Florianópolis no dia 6 de abril, e deixou Aracajú para viver em Jurerê Internacional junto ao companheiro, o ex-atleta Rafael Nunes Carvalho. Em Sergipe, Álvaro Alberto atuava como professor desde 2006 no DTA (Departamento de Tecnologia de Alimentos), na UFS (Universidade Federal de Sergipe).

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“Antes, nos revezávamos. Ele ficava um pouco aqui [Florianópolis], e eu ficava um pouco em Aracajú. Agora ele ia morar definitivamente aqui. O Álvaro veio até com as roupas de inverno, para o frio. Nós íamos casar”, lamenta o companheiro. Rafael é natural de Araranguá, e mora em Florianópolis.

Como as aulas ocorrem de forma remota, devido a pandemia, a mudança de Estado foi viabilizada. Mas três dias depois, Álvaro Alberto precisou ser internado em decorrência da Covid-19. Foram 28 dias de luta contra o vírus, acompanhados de perto por Rafael.

Álvaro Alberto e Rafael estavam juntos há cerca de um ano – Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação/ND

Já no primeiro dia de internação, Álvaro estava com 25% do pulmão comprometido pelo vírus. Devido ao agravamento da infecção, o professor precisou ser intubado no dia 12 de abril. Apesar de já ter sofrido trombose, ele não tinha comorbidades e treinava diariamente, conta o companheiro.

No último dia 6, Álvaro Alberto não resistiu. Ele sofreu pneumonia e falência dos órgãos em decorrência da Covid-19. O corpo foi sepultado no Cemitério da Saudade, no município de Campinas, em São Paulo. As cerimônias de despedida ocorreram no dia 8 de maio.

Antes de ser sepultado, coube a Rafael ler um texto contando a história do professor. “Foi um momento de pura emoção. As últimas palavras para ele foram minhas”.

Rafael cuidou de Alberto durante a internação. “Até o fim e além”, afirma o companheiro – Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação/ND

Sonhos interrompidos

“O sonho dele era casar, fazer viagens. Planejávamos realizar a cerimônia de casamento em Cancún, no México, para poucos amigos. Tínhamos uma vida perfeita”, conta o companheiro, que chegou a organizar rodas de oração para a melhora de Álvaro Alberto. Os dois estavam juntos há cerca de um ano.

A partida do professor também foi lamentada pela UFS. “Todos nós, servidores e discentes do DTA, lamentamos imensamente essa perda tão precoce do nosso querido professor Álvaro”, manifestou o departamento, por meio de nota.

Para o amigo João Antonio Belminos Santos, que também é chefe do departamento onde Álvaro atuava, as marcas do professor eram a simplicidade, a cordialidade e a amizade. “Uma pessoa incrível, de coração fantástico. Todos nós estamos sofrendo a partida dele. Está todo mundo triste”, lamenta.

A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa do presidente Jair Bolsonaro, mas não obteve retorno até o fechamento da reportagem.