Uma professora de História da Arte foi demitida de uma escola particular de Aparecida de Goiânia, na região metropolitana da capital goiana, após o deputado federal Gustavo Gayer (PL) criticá-la, através das redes sociais, pelo uso de uma camisa vermelha com uma frase de Hélio Oiticica (1937-1980), um dos maiores artistas da história da arte brasileira. Com informações do g1.
A docente, que trabalhava no Colégio Expressão desde janeiro deste ano, usou na última terça-feira (2) uma camiseta com a frase “Seja marginal, seja herói”. Em seu perfil nas redes sociais, ela compartilhou uma foto usando a camiseta.
A professora, que não quis ser identificada, contou que a demissão aconteceu por telefone, na quinta-feira (4), depois da publicação do parlamentar.
“Recebi uma ligação dizendo que eu tinha causado muita dor de cabeça com uma foto que tinha postado. O tom da escola foi de me culpabilizar por isso, quando, na verdade, fui vítima do caso”, lamentou.
Abalada com a situação, ela ainda detalhou que a postagem feita pelo deputado se tratava de uma montagem e contava com uma legenda falsa com os escritos “professora de história com look petista em sala de aula”.
“Minhas camisetas de obras de arte são feitas por um amigo e na foto eu literalmente só marquei a loja [para divulgação]. A obra é vermelha, por isso a camiseta é vermelha. Não há associação política alguma”, contou.
A professora ainda explicou que costuma ensinar sobre o artista plástico em sala de aula, por se tratar de um tema frequente em questões de vestibular. “Sempre uso camisetas com obras de arte. É um jeito que tenho para conversar sobre arte com os alunos, de forma despretensiosa. Naquele dia expliquei e eles entenderam o contexto histórico da obra”, disse.
Em comunicado, o Colégio Expressão disse que “ensinar conteúdos polêmicos em sala de aula pode ser um desafio para nós educadores”, no entanto, “como profissionais da educação, temos a responsabilidade de apresentar esses temas de forma imparcial e crítica, sem tomar partido ou influenciar nossos alunos”.
“É importante destacar que a escola não é lugar de propagar ideologias políticas, religiosas ou preconceituosas. Nossa missão é formar cidadãos conscientes e éticos, capazes de compreender e respeitar as diferenças culturais e ideológicas”, diz um trecho do comunicado.
De acordo com o advogado da professora, Alexandre Amui, ela entrou com uma ação contra Gayer onde pediu a exclusão dos vídeos, proibição de novas postagens, direito de resposta e dano moral. O advogado ainda afirmou que deve ajuizar uma ação trabalhista contra a escola.
O Sindicato dos Professores do Estado de Goiás (Sinpro-Goiás) repudiou a atitude do deputado e afirmou que entrou com uma ação contra o parlamentar na Justiça Federal.