Professora é demitida após bolsonarista criticá-la por camiseta de Hélio Oiticica

Atualizado em 6 de maio de 2023 às 20:42
Camiseta com a frase “Seja Marginal, Seja Herói”, em alusão à obra de Hélio Oiticica. (Foto: Reprodução)

Uma professora de História da Arte foi demitida de uma escola particular de Aparecida de Goiânia, na região metropolitana da capital goiana, após o deputado federal Gustavo Gayer (PL) criticá-la, através das redes sociais, pelo uso de uma camisa vermelha com uma frase de Hélio Oiticica (1937-1980), um dos maiores artistas da história da arte brasileira. Com informações do g1.

A docente, que trabalhava no Colégio Expressão desde janeiro deste ano, usou na última terça-feira (2) uma camiseta com a frase “Seja marginal, seja herói”. Em seu perfil nas redes sociais, ela compartilhou uma foto usando a camiseta.

A professora, que não quis ser identificada, contou que a demissão aconteceu por telefone, na quinta-feira (4), depois da publicação do parlamentar.

“Recebi uma ligação dizendo que eu tinha causado muita dor de cabeça com uma foto que tinha postado. O tom da escola foi de me culpabilizar por isso, quando, na verdade, fui vítima do caso”, lamentou.

Abalada com a situação, ela ainda detalhou que a postagem feita pelo deputado se tratava de uma montagem e contava com uma legenda falsa com os escritos “professora de história com look petista em sala de aula”.

“Minhas camisetas de obras de arte são feitas por um amigo e na foto eu literalmente só marquei a loja [para divulgação]. A obra é vermelha, por isso a camiseta é vermelha. Não há associação política alguma”, contou.

Deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO). (Foto: Reprodução)

A professora ainda explicou que costuma ensinar sobre o artista plástico em sala de aula, por se tratar de um tema frequente em questões de vestibular. “Sempre uso camisetas com obras de arte. É um jeito que tenho para conversar sobre arte com os alunos, de forma despretensiosa. Naquele dia expliquei e eles entenderam o contexto histórico da obra”, disse.

Em comunicado, o Colégio Expressão disse que “ensinar conteúdos polêmicos em sala de aula pode ser um desafio para nós educadores”, no entanto, “como profissionais da educação, temos a responsabilidade de apresentar esses temas de forma imparcial e crítica, sem tomar partido ou influenciar nossos alunos”.

“É importante destacar que a escola não é lugar de propagar ideologias políticas, religiosas ou preconceituosas. Nossa missão é formar cidadãos conscientes e éticos, capazes de compreender e respeitar as diferenças culturais e ideológicas”, diz um trecho do comunicado.

De acordo com o advogado da professora, Alexandre Amui, ela entrou com uma ação contra Gayer onde pediu a exclusão dos vídeos, proibição de novas postagens, direito de resposta e dano moral. O advogado ainda afirmou que deve ajuizar uma ação trabalhista contra a escola.

O Sindicato dos Professores do Estado de Goiás (Sinpro-Goiás) repudiou a atitude do deputado e afirmou que entrou com uma ação contra o parlamentar na Justiça Federal.

Participe de nosso grupo no WhatsApp, clicando neste link
Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link