Professora perseguida por bolsonaristas por criticar Michelle diz que processará agressores

Atualizado em 12 de janeiro de 2024 às 12:32
Elenira Vilela está sendo atacada por bolsonaristas após fake news. Foto: Reprodução

A coordenadora do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe) Elenira Vilela tem sido alvo de ataques de bolsonaristas nas redes sociais por uma declaração durante live. Segundo um perfil no X (ex-Twitter), ela “sugere o assassinato de Michelle Bolsonaro” durante a transmissão.

Em nota, ela afirmou que vai processar todos os agressores e responsável pela fake news. A ativista ainda esclareceu que um trecho de sua fala foi cortado e tirado de contexo. Elenira afirma que disse o seguinte sobre a ex-primeira-dama durante a transmissão:

“Ela é uma carta chave. E se a gente não arrumar um jeito de destruir ela politicamente e, quiçá, de outras formas, jurídica, por exemplo, comprovando os crimes e tornando ela também inelegível, nós vamos arrumar um problema pra cabeça”.

Veja o trecho:

Ela se tornou alvo de campanha de bolsonaristas após a viralização de um recorte de sua fala. A versão divulgada por apoiadores do ex-presidente e até por veículos de imprensa, como o Metrópoles e o Poder 360, sugere que ela estaria falando em assassinar Michelle. 

A campanha contra Elenira é uma cortina de fumaça criada para minimizar as ameaças feitas por bolsonaristas à comunicadora Karina Santos (30), que está sendo perseguida por críticas a Michelle. Ela recebeu centenas de mensagens após a ex-primeira-dama divulgar um print do seu perfil e marcá-la no Instagram.

Leia a nota de Elenira na íntegra:

Neste dia 11 de janeiro de 2024, fui informada de que um perfil verificado na rede social X, identificado como Luiz Cláudio @luizcl_souza publicou um recorte manipulado de uma análise que fiz no Programa Outubro do canal do Youtube do veículo OperaMundi, no dia 22 de dezembro de 2023 com a seguinte legenda “A militante de esquerda Elenira Vilela sugere o assassinato de Michelle Bolsonaro”.

Conforme já apurou e publicou o Poder 360, a frase completa dita por mim e recortada, jamais sugeriu o assassinato de ninguém, a frase completa é “Ela [Michelle Bolsonaro] é uma carta chave. E se a gente não arrumar um jeito de destruir ela politicamente e, quiçá, de outras formas, jurídica, por exemplo, comprovando os crimes e tornando ela também inelegível, nós vamos arrumar um problema pra cabeça” aos 31’ da transmissão ao vivo disponível no link: https://www.youtube.com/live/OF72Ob4aa84?si=ilzJm0I9g6Tn5ZNr

Na análise, eu demonstro preocupação com o possível papel político da Senhora Michelle Bolsonaro em um contexto em que é necessário derrotar o fascismo, as ameaças à democracia, da qual tanto falamos durante os eventos em memória ao 8 de janeiro, e uma força política cujo governo representou o aumento da fome e do desemprego. O encaminhamento da política de saúde em uma pandemia acabou permitindo, ou quiçá promovendo, as mortes evitáveis de milhares de pessoas pela pandemia de covid-19, devido ao atraso na compra de vacinas e, posteriormente, pelos problemas na logística de distribuição dessa mesma vacina, entre muitos outros problemas gravíssimos para a maioria da população, especialmente para mulheres.

O debate que faço é em tom de análise crítica de todo o processo, incluindo diversas críticas da própria postura da esquerda e, inclusive, do governo, no processo de construir as condições para evitar o retorno de forças autoritárias e neoliberais ao poder, por meios eleitorais ou outros.

Essa postagem é feita no bojo de um processo sistemático da direita brasileira, especialmente na bolha bolsonarista, de ataques a perfis de esquerda em redes sociais no intuito de derrubar a possibilidade de comunicação dessas pessoas que denunciam o papel perverso dos governos autoritários. Exemplo grave recente que podemos citar foi o ataque ao perfil da atual Primeira Dama Rosângela Lula da Silva, que, no caso, foi invadido. Mas há exemplos também de perfis que foram falsamente denunciados em massa para obter o seu derrubamento pelas próprias plataformas, ainda não reguladas e que seguem sendo palco do cometimento sistemático de crimes e da promoção do ódio e da mentira como forma de obtenção de lucros imorais. Há ainda casos trágicos de Jéssica Vitória D. Canedo e do PC Siqueira, ambos que terminaram por tirar a própria vida vítimas de ataques como esse de divulgação de notícias falsas ou manipuladas, além de muitos outros.

Como é característico desse tipo de ataque coordenado, a partir da publicação falaciosa, todas as minhas redes sociais e outros perfis e contas que publicaram menções a mim passaram a receber comentários de cunho misógino, persecutório e de ameaças.

Essa postagem falaciosa e manipulada foi compartilhada por autoridades públicas, como senadora, e outros parlamentares, incluindo a deputada que foi filmada empunhando uma arma, ameaçando a vida e perseguindo um homem negro no ano de 2022. Todas as postagens e ameaças estão sendo encaminhadas a advogados que representarão, na forma da lei, seus autores a responder por suas condutas ilegais e/ou criminosas, especialmente autoridades públicas e obrigadas a reparar os danos causados à minha imagem como mulher, mãe, professora, militante, personalidade pública ou apenas como ser humano, sejam em postagens, compartilhamentos de desinformação ou comentários que contenham mentiras ou ameaças.

Agradeço à solidariedade que tenho recebido e convoco a militância de quem defende a equidade, o fim da desigualdade, os direitos humanos a fortalecer os perfis e proteger as pessoas que se propõem a estar na linha de frente desse enfrentamento. Além disso, não comentem ou compartilhem as referidas postagens, apenas denunciem seu conteúdo manipulado às plataformas e, caso se deparem com comentários, postagens compartilhadas que repliquem os ataques a mim ou compartilhem meus dados pessoais ou de meus familiares, que por favor me encaminhem links e prints para que as devidas providências legais sejam tomadas.

Não me calarão! Não nos intimidarão! Seguirei na luta por equidade, pelo fim de qualquer forma de opressão e exploração, na defesa da educação e dos direitos humanos e enfrentando o ódio, a mentira, o proselitismo religioso, o autoritarismo e o fascismo.

Florianópolis, 12 de janeiro de 2024

Elenira Vilela

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