“Projeto de lei da dosimetria”: a anistia que tem os golpistas Temer e Aécio como padrinhos

Atualizado em 19 de setembro de 2025 às 7:59
O deputado Aécio Neves, o relator da anistia, Paulinho da Força, e o ex-presidente Michel Temer sentados lado a lado em poltrona e sofá, sérios
O deputado Aécio Neves, o relator da anistia, Paulinho da Força, e o ex-presidente Michel Temer. Foto: Reprodução

O nome oficial é Projeto de Lei da Dosimetria, mas ninguém tem o direito de se enganar: trata-se de uma manobra para anistiar Jair Bolsonaro e os demais condenados por atos golpistas.

O eufemismo esconde o verdadeiro objetivo — apagar crimes de 8 de janeiro e reabilitar politicamente os responsáveis pela tentativa de golpe.

Michel Temer assumiu o papel de fiador dessa articulação. O ex-presidente, conhecido por sua “habilidade” em operar nos bastidores, aconselhou o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), a procurar o STF e o governo Lula em busca de um grande acordo nacional.

Motta confirmou a conversa e ainda tratou Temer como “um grande conselheiro” e homem “comprometido com a pacificação do Brasil”.

O que está em jogo não é reconciliação democrática, mas o alívio judicial para quem tentou rasgar a Constituição. É por isso que Paulinho da Força (Solidariedade-SP), relator da proposta, também correu a Temer em busca de ajuda para redigir o texto.

Aécio Neves estava no jantar com Temer e Paulinho. O tucano, derrotado em 2014 e protagonista de uma ofensiva contra o resultado eleitoral que deu em Bolsonaro, circula nos corredores do Congresso como aliado natural do comparsa Michel Temer nesse movimento.

No vídeo que o Trio Parada Dura perpetrou, sobrou um papo furado sobre “polarização”. Aécio está preocupado com “o confronto que só interesse os dois extremos”. Misericórdia.

Enquanto isso, o PL, partido de Bolsonaro, pressiona para que o projeto beneficie diretamente o ex-presidente, condenado pelo STF a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe. A pressa dos bolsonaristas ficou evidente na aprovação do requerimento de urgência, que acelera a tramitação da proposta sem que sequer exista um texto definido.

Lula já sinalizou que aceita discutir a redução de penas para quem invadiu os prédios dos Três Poderes no 8 de janeiro, mas deixou claro que Bolsonaro não entra nessa equação. O “Projeto de Lei da Dosimetria” vai se transformar em um perdão coletivo que alcança o chefão da trama golpista.

Temer e Aécio são profissionais do golpe. O lado bom da comédia é que não levam mais ninguém no bico.