Promiscuidade de Bolsonaro no MEC é alerta para casório de Lula com centrão. Por Leonardo Sakamoto

Atualizado em 13 de julho de 2023 às 9:30
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-ministro Milton Ribeiro. (Foto: Reprodução)

Por Leonardo Sakamoto

Sob Bolsonaro, o Ministério da Educação virou cabeça de ponte para guerra cultural e foco de corrupção de aliados. Como esquecer o icônico áudio do então ministro Milton “Tiro Acidental” Ribeiro afirmando que Jair havia pedido para atender as necessidades de seus amigos pastores, que usaram o ministério para cobrar propina em ouro?

Agora, o Tribunal de Contas da União pede a anulação de R$ 7,2 bilhões em liberações de obras sem critérios técnicos, segundo reportagem de Constança Rezende e Paulo Saldaña, na Folha de S.Paulo desta quinta (12).

Mas, sem querer ser moralista, a profusão de denúncias de promiscuidade envolvendo o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), que era dirigido por um ex-assessor do então ministro-chefe da Casa Civil e líder do centrão, Ciro Nogueira (PP-PI), é um alerta para o governo Lula – prestes a celebrar um matrimônio com o centrão.

Pois há outras formas de desviar recursos públicos para necessidades de aliados, seja via orçamento direto de órgãos públicos, seja através de emendas parlamentares que financiem obras e compras superfaturadas ou com sobrepreço.

Ciro Nogueira. (Foto: Reprodução)

Em entrevista à CNN, Nogueira disse que “não há hipótese” de o PP integrar o governo. Mas tudo depende do dote a ser entregue. Por enquanto, o centrão está de olho na Funasa, no Ministério dos Esportes e no Ministério do Desenvolvimento Social – que podem ser fontes de dores de cabeça futuras para Lula e assessores.

O MEC lembra, inclusive, que não é apenas de joias árabes surrupiadas, desvios de recursos no Palácio do Planalto, cumplicidade em 700 mil mortes por covid-19 e conspiração contra a democracia que pesam contra Bolsonaro.

Os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura integravam o “gabinete paralelo” montado no MEC. Descoberto o esquema de cobrança de propina deles, o ministro Milton Ribeiro caiu. Mas gravações de conversas telefônicas apontam que ele continuou sendo ajudado pelo presidente, que o avisou que a Polícia Federal estava em sua cola, atrapalhando uma investigação. O que é grave.

Uma CPI do MEC foi aberta, mas, por conta de acertos políticos, sua instalação ficou programada para acontecer após as eleições. Ou seja, não rolou. Ao tentar impedir sua instalação, uma parte do Congresso não estava defendendo Jair, mas protegendo a si mesma. Sim, não só pastores lucraram com o Ministério da Educação, mas principalmente o centrão, que agora muda de lado.

Por exemplo, municípios alagoanos com escolas precárias receberam 26 milhões em emendas parlamentares para comprar kits de robótica de uma empresa de aliados de Arthur Lira, presidente da Câmara, fiador de Bolsonaro e, agora, fiador do governo Lula, em escândalo revelado pela Folha.

Originalmente publicado na coluna de Leonardo Sakamoto, no Uol

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