Promotores de casos da invasão ao Capitólio perdem cargos nos EUA após perdões de Trump

Atualizado em 26 de agosto de 2025 às 7:19
registro de ataque ao Capitólio
Ataque ao Capitólio em 2021 – Reprodução

Michael Gordon, ex-promotor federal dos Estados Unidos, afirmou ter sido demitido por sua atuação no julgamento de envolvidos no ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. Ele recebeu a carta de desligamento no fim de julho em Tampa, na Flórida, sem justificativa formal.

O documento foi assinado pela procuradora-geral Pam Bondi, nomeada pelo presidente Donald Trump. Gordon, de 47 anos, atuava no Departamento de Justiça há oito anos e havia recebido recentemente avaliação de excelência em seu desempenho.

Segundo ele, o motivo da demissão foi sua participação na responsabilização de cidadãos que invadiram o Congresso, agrediram policiais e interromperam a certificação da vitória de Joe Biden em 2020.

Desde o retorno de Trump à Casa Branca, mais de 20 promotores que trabalharam nesses casos foram demitidos ou rebaixados, incluindo líderes da força-tarefa criada para processar os invasores. Entre os afastados está Greg Rosen, que coordenou centenas de investigações sobre o episódio.

presidente Donald Trump falando e gesticulando
O presidente norte-americano Donald Trump – Reprodução

Nos primeiros sete meses do novo mandato, Trump concedeu clemência a quase 1.600 pessoas envolvidas nos ataques. Entre os beneficiados estão Mark Ponder, condenado por agredir policiais, e Richard Barnett, fotografado no escritório da então presidente da Câmara, Nancy Pelosi. A nova gestão também engavetou acusações restantes contra réus ainda não julgados, em uma mudança radical na postura do Departamento de Justiça.

Ex-promotores relatam que a atuação na força-tarefa não tinha viés político e que o trabalho foi realizado de forma técnica, com base em provas. Entre os casos estavam vídeos de violência, invasões de escritórios e agressões a policiais. Muitos dos réus haviam sido condenados a longas penas, mas a política de perdão em massa alterou esse cenário.

O governo Trump defende que a medida é parte da “restauração da integridade” do Departamento de Justiça. Harrison Fields, porta-voz da Casa Branca, classificou a gestão anterior como “perseguição implacável contra o presidente e seus aliados”. Já para Gordon e colegas, a onda de demissões representa uma retaliação contra servidores que atuaram em defesa da legalidade.

Após ser escoltado para fora do prédio da Procuradoria em Tampa, Gordon disse que processará o governo federal por retaliação política. Ele afirma que sua demissão violou regras de proteção do serviço público e que foi punido por cumprir seu dever como promotor. Agora, sem o cargo, busca reverter judicialmente a decisão, enquanto antigos colegas também deixaram o Departamento em meio à onda de expurgos.

Jessica Alexandrino
Jessica Alexandrino é jornalista e trabalha no DCM desde 2022. Sempre gostou muito de escrever e decidiu que profissão queria seguir antes mesmo de ingressar no Ensino Médio. Tem passagens por outros portais de notícias e emissoras de TV, mas nas horas vagas gosta de viajar, assistir novelas e jogar tênis.