Protesto na Paulista reúne 42,4 mil e expõe isolamento bolsonarista restrito a poucas capitais

Atualizado em 21 de setembro de 2025 às 18:42
Manifestantes fazem protesto ao Masp, na Avenida Paulista, contra a PEC da Blindagem e o Projeto de Anistia — Foto: Reprodução/TV Globo

O ato realizado neste domingo (21) na Avenida Paulista contra a PEC da Blindagem e o projeto de anistia aos condenados do 8 de janeiro reuniu 42,4 mil pessoas em seu ápice, segundo levantamento da Universidade de São Paulo (USP). A contagem foi feita pelo Monitor do Debate Político do Cebrap em parceria com a ONG More in Common, utilizando imagens aéreas e softwares de inteligência artificial para garantir maior precisão.

O cálculo considerou o momento de maior concentração às 16h06. Com a margem de erro aplicada, a estimativa varia entre 37,3 mil e 47,5 mil manifestantes. Os organizadores destacaram a forte presença de movimentos sociais, partidos, sindicatos e artistas, que marcaram a manifestação com palavras de ordem contra a chamada “PEC da Bandidagem” e contra a proposta de anistia em tramitação na Câmara.

No Rio de Janeiro, a mobilização reuniu 41,8 mil pessoas, segundo dados oficiais.

O número registrado neste domingo é comparável ao do ato em apoio à anistia organizado por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no último 7 de setembro, quando 42,2 mil pessoas foram contabilizadas pela mesma metodologia. A proximidade entre os resultados evidencia o peso da mobilização em torno da pauta democrática e da rejeição às propostas em discussão no Congresso.

Boulos em live antes de falar para público de ato na Paulista. Foto: Reprodução

A contagem da USP foi realizada a partir de 38 imagens captadas em diferentes momentos do protesto. Para a mensuração do pico, foram utilizadas 11 fotos tiradas por drones, cobrindo toda a extensão da Paulista sem sobreposição. O software empregado, o Point to Point Network (P2PNet), foi desenvolvido por pesquisadores chineses em parceria com a empresa Tencent, e aprimorado com bancos de dados de imagens brasileiras.

O método de contagem automática usa inteligência artificial para identificar e marcar cada cabeça presente na multidão. O sistema alcança precisão de 72,9% e acurácia de 69,5%, com um erro percentual médio de 12%. Isso significa que, em grandes concentrações, a variação pode chegar a milhares de pessoas para mais ou para menos, mas ainda assim é considerado um dos métodos mais confiáveis para esse tipo de estimativa.

A manifestação em São Paulo integrou uma série de protestos que ocorreram em capitais brasileiras e também no exterior – na soma de todos os eventos, a mobilização foi muito maior que a manifestação golpista – ela se concentrou apenas em São Paulo, Rio e Brasília, numa demonstração de que essa agenda pela anistia e pela PEC da Blindagem não tem capilaridade nacional, ao contrário do movimento que defende a soberania e a democracia.

Na capital paulista, além das lideranças políticas, a presença de artistas foi utilizada como estratégia de mobilização. Faixas, bandeiras e cartazes destacaram as mensagens de “sem anistia” e “não à PEC da Blindagem”, reforçando o clima de resistência popular contra o que os manifestantes consideram retrocessos democráticos.

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