
Milhares de pessoas protestaram neste domingo (1º) em ao menos oito capitais brasileiras contra o Projeto de Lei 2.159/2021, que flexibiliza o licenciamento ambiental, e em apoio à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. O texto, apelidado por ambientalistas de “PL da Devastação” e “mãe de todas as boiadas”, já foi aprovado no Senado e enfrenta forte resistência de organizações ambientais, indígenas e setores da sociedade civil.
Na Avenida Paulista, em São Paulo, manifestantes se reuniram a partir das 14h com cartazes em defesa da ministra, que foi alvo de ataques recentes no Senado, incluindo falas ofensivas do senador Plínio Valério (PSDB-AM). Anteriormente, em outra sessão, ele já havia dito que tinha desejado enforcá-la.
“É inacreditável que uma autoridade seja tratada com tanto desrespeito”, disse a socióloga Claudia Paes para a Folha de S.Paulo. Críticas também foram direcionadas ao governo Lula, acusado de omissão na defesa da titular da pasta ambiental.
Outros protestos ocorreram em cidades como Belo Horizonte, Brasília, Manaus, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba e Florianópolis. Em Brasília, cartazes pediam que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), arquive o projeto. No Rio, manifestantes lembraram a tentativa de instalação de uma tirolesa no Pão de Açúcar, também alvo de críticas ambientais. Em BH, participantes usaram máscaras com o rosto de Marina Silva.
Lideranças políticas e sociais participaram dos atos. A deputada federal Célia Xakriabá (PSOL) afirmou que “o PL da devastação põe em risco todo mundo, direita, esquerda, todos”. Já em Florianópolis, a vereadora Carla Ayres (PT) destacou que a mobilização popular pode pressionar o presidente Lula a vetar o texto, caso seja aprovado.
Entre as principais críticas ao projeto estão a redução de instrumentos de consulta pública e o risco de avanço de grandes empreendimentos — como mineração e obras do Novo PAC — sobre áreas sensíveis, incluindo a Foz do Amazonas. Manifestantes também citaram os desastres ambientais de Mariana e Brumadinho como alertas sobre os impactos de flexibilizações na legislação ambiental.