Protestos pela educação revelam ‘Brasil muito maior que Bolsonaro’ nas redes sociais

Atualizado em 15 de maio de 2019 às 17:37
Protesto de estudantes contra os cortes na Educação

PUBLICADO NO REDE BRASIL ATUAL

O Brasil emplaca no Twitter nesta quarta-feira (15) pelo menos três termos relacionados à onda de protestos contra o bloqueio nos orçamentos de institutos e universidades federais anunciado pelo Ministério da Educação (MEC). #TsunamiDaEducação, #TodosPelaEducação e #NaRuaPelaEducação alcançam os trending topics na rede utilizada como um dos principais meios de comunicação pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL).

Na esteira da repercussão de diversos atos que estão ocorrendo no país, além de outros previstos e da paralisação de escolas e universidades nesta quarta, o Ministério da Educação divulgou nota afirmando estar aberto ao diálogo para “debater sobre soluções que garantam o bom andamento dos projetos e pesquisas em curso”, e justificou-se alegando que foram cortadas “despesas discricionárias”.

A explicação foi rebatida pelo coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara. No Twitter, ele classificou a declaração como “covarde”. “Quero saber se Weintraub aceita ficar sem água, luz e segurança, por exemplo. As universidades e escolas federais logo estarão nessas condições”, apontou o coordenador, referindo-se ao ministro da Educação.

Lembrando de outra declaração de Weintraub, referente à “balbúrdia” em universidades, a cantora Maria Rita reforçou que “balbúrdia é quando não tem verba pra manutenção do laboratório, ministro”.

Outra declaração, esta do próprio presidente também causou polêmicas neste dia de protestos pelo país: Bolsonaro chamou os estudantes de “idiotas úteis”. Nas redes sociais, a deputada federal Sâmia Bomfim (Psol-SP) considerou a fala um ataque aos brasileiros: “As ruas estão cheias de brasileiros legitimamente protestando contra os cortes na educação. Que tipo de governante se refere assim ao seu próprio povo? O senhor é uma vergonha”.

Apesar das declarações do presidente, há um reconhecimento maior aos atos em defesa da Educação no país, como ressalta o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad – ministro da Educação (2005-2012) responsável por políticas como o ProUni: “Um país que se sonha grande precisa de uma educação de qualidade, republicana, precisa de ciência, de pesquisa, em todos os campos do conhecimento. Não estamos enfrentando uma batalha política. Estamos diante da defesa de um marco civilizatório”.

A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, que, como Haddad, disputou as últimas eleições presidenciais, manifestou pelas redes seu apoio ao Dia Nacional de Greve na Educação, considerando as iniciativas de Bolsonaro como “agressões ao bom-senso”. “Esse é o governo do fim: vamos acabar com isso e com aquilo, extinguir, cortar, encerrar. Nenhuma política construtiva, só o desmonte do que existia antes”, analisa.

O coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, também ex-presidenciável pelo Psol, descreveu os atos como um “dia de aulas nas ruas”, e criticou a postura do presidente lembrando que “O Brasil é muito maior que Bolsonaro”.