PSD e MDB têm aliados exonerados após derrota da MP no Congresso

Atualizado em 12 de outubro de 2025 às 15:25
Ministro Celso Sabino (Turismo) olha para o painel de votação da Câmara durante a análise da medida provisória de aumento de impostos –

O governo Lula iniciou, nesta sexta-feira (10), uma série de exonerações de aliados de deputados que votaram contra a medida provisória que previa aumento de impostos para ampliar a arrecadação federal. As demissões, publicadas no Diário Oficial da União, marcam a primeira ação de retaliação do Planalto após a derrota da MP, considerada crucial para o equilíbrio fiscal de 2026.

Cinco superintendentes regionais de ministérios ligados ao MDB e ao PSD foram desligados. Entre os cargos atingidos estão os das superintendências do Ministério da Agricultura no Pará, Paraná, Minas Gerais e Maranhão, além da chefia do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) em Roraima. Fontes do Planalto afirmam que os partidos foram alertados de que a votação seria decisiva para a manutenção de suas indicações.

As exonerações provocaram insatisfação no PSD, que votou dividido — 20 deputados a favor e 18 contra a MP. No MDB, o placar também se dividiu, com 16 votos a favor e 14 contrários. A legenda de Gilberto Kassab criticou o governo por agir “sem estratégia”, mesmo tendo sido uma das que mais apoiaram o texto. Além dos ministérios, demissões também atingiram cargos na Caixa Econômica Federal e nos Correios.

Parlamentares durante a votação que derrubou MP. Foto: Agência Brasil

A medida provisória era uma das principais apostas econômicas do governo Lula e previa arrecadação adicional de R$ 20 bilhões com a taxação de setores como fintechs e crédito. A proposta foi rejeitada por 251 votos a 193, o que levou o Executivo a reforçar sua intenção de punir infiéis e reorganizar a base aliada.

Entre os demitidos está Rodrigo de Lemos Lopes, vice-presidente de sustentabilidade da Caixa e aliado de Altineu Côrtes (PL-RJ). O consultor José Trabulo Júnior, ligado ao presidente do PP, Ciro Nogueira, também foi dispensado. O movimento atinge ainda nomes indicados por União Brasil e PP, partidos que romperam com o governo e articulam uma candidatura opositora para 2026.

A estratégia do Planalto, segundo interlocutores, é consolidar uma base leal antes do próximo ciclo eleitoral. A “limpa” deve continuar nas próximas semanas, atingindo indicados de partidos que se distanciaram do governo, enquanto Lula tenta recompor alianças com legendas do centrão que possam apoiá-lo em sua tentativa de reeleição.