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Psiquiatra desmonta a nova fake news bolsonarista de que general Heleno impediu um golpe

Jair Bolsonaro e general Heleno. Foto: Wikimedia Commons

O psiquiatra Luís Fernando Tófoli, professor na UNICAMP e pesquisador sobre políticas de drogas e psicodélicos apresentou em seu perfil de Twitter uma sequência que desmonta a mentira difundida nas redes de que o General Heleno teria impedido um golpe contra Bolsonaro. Acompanhe:

O Brasil é uma espécie de experimento aberto e coletivo sobre a indução de ideias delirantes em pessoas normais. A última é uma celebração do General Heleno, por ter desbaratado um ‘golpe’ contra o presidente, causando as demissões dos ministros militares.

Sem dados, sem artigos de mídia, sem qualquer base sólida, alguém provavelmente lançou deliberadamente – mas não se pode descartar a geração espontânea – a narrativa de redenção de um golpe fictício em grupos de zap bolsonaristas e eles refluem o chorume em outras redes.

Humanos são ‘maquininhas de crer’. Precisam de certezas para existir (mesmo que para alguns seja a certeza da dúvida). A construção de um Brasil que se ajuste à ficção bolsonarista é uma espécie de ruptura social da verdade compartilhada, motivada pela comunicação eletrônica.

As teorias mais atuais sobre a gênese dos delírios em quadros psicóticos apontam para a capacidade de preencher lacunas, algo que o cérebro faz o tempo todo, que estaria lesado biologicamente nas psicoses, fazendo surgir ideias não-compartilhadas e sem sentido p/os demais.

Não seria absurdo imaginar que este processo, presente em todos os humanos, sãos ou não, poderia também preencher as lacunas angustiantes de um mundo em um processo de aterrorizante processo de mutação e trazer verdades pacificadoras que se transformam em certezas incontornáveis.

De alguma forma, pode ser que as redes tenham hackeado a capacidade dos humanos de realizar testes de realidade ao gerar coletivos onde certas ‘verdades’ se reforçam. Estaríamos vivendo delírios coletivos (ainda que circunscritos a certos grupos) induzidos pela tecnologia social.

Nesta conferência o Prof. @henricarneiro reflete sobre um tema correlato, as alucinações, e no final discorre sobre a indução eletrônica de estados alucinatórios.

Será que estamos vivendo uma situação de franca indução de estados delirantes?

Ou será que sempre fomos assim e a conectividade está apenas colocando à mostra a ferida de que o juízo da nossa espécie – ou da nossa Nação, acho que não dá para desprezar essa opção – nunca foi, de fato muito bom?

O que vocês acham?

Fernando Miller

Fernando Miller, paulistano, advogado, palmeirense

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Fernando Miller

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