PT de volta às origens: Marcelo Oliveira disputa prefeitura de Mauá amassando barro e com muito rolê

Atualizado em 25 de novembro de 2020 às 13:35
Marcelo Oliveira a ladeira. Foto: Edu Guimarães

Por Igor Santos

O relógio apontava 14h16 da tarde, um domingo (22/11) de sol cuja previsão do tempo informava aproximadamente 26 graus em Mauá. As ruas do Sertãozinho, bairro na periferia de Mauá, recebiam a visita de Marcelo Oliveira e da militância do Partido dos Trabalhadores. Marcelo Oliveira é um homem de hábitos humildes e fala pacífica, seus olhos é que denunciam a urgência nos projetos que pensa e pretende para Mauá. Nascido e criado no Zaíra, onde até hoje vive com sua esposa e filhos. Começou sua militância política no mundo sindical, quando em 1994 entrou para a General Motors em São Caetano do Sul e um tempo depois foi eleito e reeleito para Cipa por 5 vezes consecutivas. Marcelo Oliveira foi eleito vereador três vezes. Seu último mandato como vereador foi marcado pela firme oposição ao atual prefeito e rival político; Atila Jacomussi.

Marcelo chegou ao segundo turno com 19,84%, os constantes apoios de outros agrupamentos políticos e sociais a sua candidatura parece incomodar o atual prefeito que, apesar de ter saído do primeiro turno em primeiro lugar, tem sob suas costas o peso de já ter sido afastado da prefeitura quando teve o mandato cassado pela Câmara de Vereadores em setembro de 2019 e um suposto envolvimento com desvios de merenda que rendeu investigação da Polícia Federal e uma série de manchetes na Grande São Paulo sobre o ocorrido. Isso sem contar que desde junho, Atila tem sido alvo de uma série de investigações sobre supostas fraudes na construção do hospital de campanha em Mauá, operado por uma O.S. (Organização Social).

A entrevista a seguir foi em parte feita na garagem de uma casa, sem som e com muito improviso, porém respeitando o protocolo de saúde para não-disseminação da covd-19. A rua onde encontrei Marcelo, só existe parcialmente no mapa, pois desemboca em uma ocupação.

Igor Santos: Marcelo, o atual prefeito fechou o primeiro turno com 36,48% dos votos válidos, você obteve 19,84% dos votos válidos. Mauá tem se tornado colecionadora de manchetes policiais envolvendo políticos. Seu discurso possui o elemento de retomada da credibilidade da cidade. Pode nos falar um pouco sobre como retomar a credibilidade de Mauá?

Marcelo Oliveira: Igor, a cidade vive hoje um momento muito difícil. O atual prefeito passou mais tempo preso que governando a cidade. Estou falando da questão do superfaturamento na construção do hospital de campanha e também do suposto desvio de merenda aqui em nossa Mauá. Tudo isso tem colaborado para a perda de credibilidade e autoestima da nossa cidade. E como vereador e morador da periferia de Mauá, vi de perto o quanto isso atinge quem mais precisa dos serviços públicos. Faltam médicos, remédios, filas de exames demoram muito, faltam vagas nas creches, empresas indo embora e desemprego muito grande. Isso faz com que a população sofra. Quando o prefeito erra da maneira que esse errou, quem mais sofre é a população que precisa dos serviços da cidade. Bem, agora estamos no segundo turno, uma eleição diferente, dois projetos de cidade estão em disputa, fizemos uma carreata hoje, muito calorosa, tenho percebido a adesão do povo a minha campanha. Espero sair vitorioso ao lado do povo de Mauá.
DCM: A esquerda disputa hoje 18 cidades brasileiras no segundo turno, o Partido dos Trabalhadores está disputando 15 dessas cidades. Em boa parte dessas cidades, um discurso mais classista, voltado a retomada de empregos, saúde, educação e moradia tem sido a tônica. Seu discurso possui também essa tônica, esse é marca dos governos petistas, o diferencial?

Marcelo Oliveira: Nós temos diversos diferenciais. principalmente aqui na nossa cidade. O cuidar das pessoas, o cuidar da cidade, nós já realizamos em outros governos do partido dos trabalhadores. Nós já governamos Mauá por 4 mandatos e transformamos a cidade. Mauá não tinha um shopping, um shopping popular para organizar os trabalhadores informais, não tinha uma faculdade, não tinha teatro e nós conseguimos trazer tudo isso nos governos Osvaldo Dias quando o PT esteve à frente de Mauá, além de trazer para a cidade 37.800 novos postos de trabalho, fortalecer o Polo Industrial do Sertãozinho, Capuava e o Polo Petroquímico, também conseguimos trazer vários mercados atacadistas para a população ter mais oportunidade de emprego. Fortalecemos o Centro de Referência a Assistência Social.onde a população mais carente da nossa cidade era devidamente atendida, fortalecemos cultura, esporte e lazer, com a construção do CEU da Educação. no Parque das Américas e também o CEU das Artes no VI Centenário, construímos inúmeras áreas de lazer e academias ao ar livre. A História que o Partido dos Trabalhadores construiu em Mauá, mostra que nós trabalhadores e trabalhadoras, podemos sim voltar a governar a cidade e trazer esperança para a povo de Mauá. Trazer novamente ao centro de esforços a geração de emprego e renda, ainda mais nesse momento que passamos por uma pandemia e uma grave crise econômica, devolver para Mauá a credibilidade, passa por demonstrar responsabilidade a frente da Prefeitura de Mauá, gerar confiança para que as empresas voltem a investigar na nossa Mauá. E fazer políticas públicas, na educação, saúde, gerar qualidade de vida para cada morador da nossa cidade. Fortalecer as cooperativas, economia solidária. Aprendi no movimento sindical a importância das cooperativas, principalmente em um momento de dificuldade que estamos vivendo.

Marcelo Oliveira em reunião com moradores: atual administração virou caso de polícia. Foto: Edu Guimarães

DCM: Mauá teve 23% de abstenção, 6% votos brancos e quase 12% de votos nulos. Como você vê esse quadro?

Marcelo Oliveira: Se formos olhar, a maioria das cidades aconteceu isso. E isso nos chama para a reflexão, sobre a população e levar a política de uma maneira que torne o debate e a decisão algo próximo de todas e todos. eu acredito e vou trabalhar firme para isso, mostrar que a política é a maior e melhor ferramenta de transformação da sociedade. Onde conseguiremos melhor a qualidade de vida das pessoas independente da área que seja. Então, então eu acredito muito nisso. Agora é claro que foi feito um ataque pela mídia, e é bem verdade que também devido aos erros de algumas figuras políticas, e isso acaba contribuindo pro descrédito da política, não é mesmo? Isso faz com que as pessoas tenham mais dificuldade em acreditar. Mauá é um exemplo disso, prefeito preso duas vezes, policia federal na casa dele, Gaeco, polícia civil. Isso faz com que a cidade caia em um descrédito muito grande. Mas nós estamos andando pelos quatro cantos da cidade, mostrando que existe a possibilidade de um projeto, construído com esperança e fé. cuidando das pessoas e da cidade, com muito carinho e seriedade, aparelhos públicos dignos para a população. dialogar e trazer o povo para o centro das decisões, é a única maneira de reverter esse quadro de descrédito que a população tem com a política.

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O DCM entrou em contato ontem com o adversário de Marcelo, para que ele se manifestasse sobre as críticas. Até agora, não respondeu.