“Pu*a judia”: Sheinbaum é alvo de ataques antissemitas em protestos no México

Atualizado em 16 de novembro de 2025 às 21:07
‘”Puta judia”: xClaudia Sheinbaum é xingada em portão do Palácio Nacional, sede do governo do México

A porta do Palácio Nacional, sede do governo mexicano, apareceu marcada por uma pichação agressiva e antissemita dirigida à presidenta do México, Claudia Sheinbaum.

A frase “Puta judia”, borrada com spray branco sobre as portas metálicas, expôs de forma brutal a escalada de hostilidade que acompanhou os protestos de sábado na Cidade do México. A imagem correu as redes sociais. No X, Claudia está sendo xingada nos mesmos termos por delinquentes de todas as idades, nacionalidades e tamanhos.

No entanto, não há uma única palavra de entidades judaicas condenando a agressão. Nada. Zip. Niente.

O ato ocorreu durante manifestações convocadas pela chamada “Geração Z”, que mobilizou, de maneira artificial, milhares de pessoas em várias cidades contra a violência crescente e a sensação de impunidade.

O estopim foi o assassinato público de um prefeito que enfrentava grupos criminosos. Na capital, um grupo de encapuzados avançou para além dos protestos previstos e derrubou as barreiras que protegiam o Palácio Nacional. O confronto com a polícia de choque se intensificou rapidamente, com uso de gás lacrimogêneo.

Entre os presentes, chamou atenção a presença do ex-presidente Vicente Fox, 83 anos, vestido de maneira inspirada no anime One Piece, empunhando uma bandeira alusiva ao mangá.

A presidenta Sheinbaum condenou os episódios de violência no domingo. Em um evento em Tabasco, afirmou que o país precisa de firmeza sem abrir espaço para agressões físicas ou simbólicas. Frisou que qualquer divergência deve ser expressa por meios pacíficos e rejeitou tentativas de transformar protestos legítimos em ataques pessoais.

A Secretaria de Segurança da capital informou que ao menos 100 policiais ficaram feridos, com 40 encaminhados para atendimento hospitalar. As autoridades também levantaram dúvidas sobre a natureza do movimento que convocou as marchas.

Segundo o governo, há indícios de participação de grupos ligados à extrema-direita e de impulsionamento artificial por meio de bots nas redes sociais, algo que os organizadores negam.

Sheinbaum insistiu que atos assim não intimidam seu governo. Disse que seguirá priorizando medidas contra a violência e responsabilização de criminosos, lembrando que nada justifica insultos raciais, misóginos ou qualquer forma de discriminação.

Kiko Nogueira
Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.