Putin ri de Trump, da Otan e manda recado a europeus: “Não mando mais drones”

Atualizado em 2 de outubro de 2025 às 18:13
Vladimir Putin, presidente da Rússia. Foto: reprodução

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, enviou recados ao líder dos Estados Unidos, Donald Trump, nesta quinta-feira (2) e falou em “escalada perigosa” caso o governo republicano envie mísseis de longo alcance para a Ucrânia. Ele também debochou da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e ironizou acusações sobre o suposto envio de drones russos para países da Europa.

Durante discurso em um fórum em Sochi, na Rússia, Putin declarou que está lutando contra quase toda a Otan. Autoridades russas já vinham afirmando que o país está em um conflito direto contra o Ocidente.

Ainda no discurso, Putin aproveitou para rebater uma declaração de Trump. Na semana passada, o presidente dos Estados Unidos chamou a Rússia de “tigre de papel” e afirmou que uma potência militar de verdade já teria vencido a guerra contra a Ucrânia.

“Um tigre de papel. E então? Que lidem com esse tigre de papel”, disse Putin. “Se estamos lutando contra toda a Otan, estamos avançando, e nos chamam de tigre de papel, então o que é a Otan?”

Putin e Donald Trump, presidente dos EUA. Foto: Andrew Harnik/Getty Images

 

Putin também ironizou as acusações de que drones russos teriam invadido o espaço aéreo da Otan. “Não vou mais mandar drones para a Dinamarca, prometo”, afirmou. Autoridades europeias acusam a Rússia de violar o espaço aéreo da região, com drones sobre a Polônia e caças sobre a Estônia. A Dinamarca chegou a fechar aeroportos após incidentes semelhantes.

Em tom mais sério, Putin disse que o envio de mísseis Tomahawk dos Estados Unidos à Ucrânia levaria a uma nova fase de escalada do conflito. “É impossível usar Tomahawks sem participação direta de militares americanos. Isso significaria um estágio completamente novo, inclusive nas relações entre Rússia e Estados Unidos”, afirmou.

Na quarta-feira (1º), o jornal The Wall Street Journal informou que os Estados Unidos vão auxiliar a Ucrânia com informações de inteligência para um ataque de mísseis contra a Rússia. O governo americano pediu para que países da Otan fizessem o mesmo.

A reportagem afirma ainda que os EUA estudam a possibilidade de enviar mísseis Tomahawk, que podem atingir alvos a até 2.500 km de distância, o que representaria uma ameaça a quase todo o território russo. Por outro lado, segundo a Reuters, autoridade americanas veem essa hipótese com “improvável”.

Ainda falando sobre a Otan, Putin disse que os líderes europeus continuam a fomentar uma “histeria” para uma guerra iminente contra a Rússia.

“Eles repetem esse absurdo, esse mantra, repetidamente. … Ou são incompetentes se realmente acreditam nisso, porque é impossível acreditar nesse absurdo, ou são simplesmente desonestos”, afirmou. Líderes europeus afirmam que a guerra na Ucrânia é uma tentativa de anexação e prometem derrotar as forças russas. Eles alegam que, se a Rússia não for contida agora, Putin poderá atacar países da Otan.

“Quero apenas dizer: acalmem-se, durmam tranquilos e cuidem dos seus próprios problemas. Basta ver o que acontece nas ruas das cidades europeias”, declarou. O presidente russo disse que a Ucrânia sofre com falta de soldados e deserções, enquanto a Rússia tem contingente suficiente.

Putin defendeu ainda que Kiev negocie o fim da guerra. As declarações ocorrem em meio a relatos de que os Estados Unidos consideram ampliar significativamente o apoio militar à Ucrânia, incluindo o fornecimento de sistemas de mísseis de longo alcance que poderiam alterar o equilíbrio de forças no conflito.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.