Qual o impacto da paralisação do governo americano

Atualizado em 17 de outubro de 2014 às 14:27

EUA

 

O governo americano está parcialmente paralisado. Mais de 800 mil servidores estão parados em casa, parques nacionais estão fechados e serviços importantes como a renovação de passaportes estão atrasados.

O presidente, Barack Obama, disse que “a paralisação terá um forte impacto econômico, de verdade, em gente de verdade”.

A empresa de pesquisa IHS estima que a paralisação custe ao país US$ 300 milhões (equivalente a R$ 658 milhões) por dia.

Em 1995, a última vez que o governo “paralisou”, isso custou US$ 1,5 bilhão (R$ 3,2 bilhões) ao país na época. Em valores corrigidos, seriam hoje US$ 2,1 bilhões (R$ 4,6 bilhões).

O banco Goldman Sachs estima que uma paralisação de três semanas poderia custar 0,9% do PIB americano neste trimestre.

E em duas semanas, a oposição republicana deve travar uma nova batalha política com os democratas sobre a revisão do teto de endividamento do país – disputa que resultou no impasse sobre orçamento que paralisou o governo.

O mercado parece ter ignorado a paralisação, com os três principais índices americanos abrindo em alta.

“Eles vão chegar a um acordo e a gente vai sair dessa”, afirma o corretor Kenny Polcari, da O’Neil Securities, enquanto fala à BBC da Bolsa de Valores de Nova York.

“Uma paralisação não é necessariamente um comentário sobre o estado da economia dos Estados Unidos”, diz Polcari.

Mas um lugar já está sentindo os efeitos imediatos da crise – Washington DC, o distrito federal, pode perder US$ 220 milhões (R$ 482 milhões) por dia, segundo o professor George Fuller, da Universidade George Mason.

Sem trabalhar — e sem receber —, milhares de servidores que vivem na cidade deixarão de gastar no comércio e restaurantes locais. O governo federal é responsável por um terço do PIB da região.

“Se for por um dia, é como um dia com neve, se for por três dias é como uma nevasca, mas se é mais que isso, é um grande problema”, diz Fuller.

Metade dos empresários da região ouvidos em uma pesquisa da consultoria Business Roundtable indicaram que “a falta de acordo sobre o orçamento de 2014 e o (debate em torno do) teto da dívida têm um impacto negativo nos seus planos de contratar mais funcionários para os próximos seis meses”.

Bolsas mundo afora certamente terão em breve razão para diminuir o ritmo dos negócios se isso acontecer.

Se a paralisação continuar até sexta-feira, a divulgação dos dados de desemprego nos EUA, uma estatística crucial, pode ser postergada.

“Todas as pesquisas e outras operações vão cessar e o site não será atualizado”, informou Erica Groshen, chefe do Escritório de Estatísticas do Trabalho.

E a paralisação prolongada também poderá atrasar uma das mais celebradas noticias do mercado financeiro deste ano – a abertura de capital da rede social Twitter.

O processo ainda precisa ser aprovado pela SEC (órgão americano equivalente à CVM, Comissão de Valores Mobiliários), que, por ora, continua aberta, só não se sabe até quando.

Publicado originalmente no site da BBC Brasil.