Qualidade das praias do Brasil despenca e só 30% são próprias para banho

Atualizado em 20 de dezembro de 2025 às 16:58
Vista aérea da praia do Perequê, em Guarujá (SP)

A qualidade das praias brasileiras atingiu o pior patamar já registrado em uma década de monitoramento. Levantamento com base em dados oficiais mostra que apenas 253 praias do país permaneceram próprias para banho em todas as medições realizadas entre novembro de 2024 e outubro de 2025, o equivalente a 30,2% do total analisado.

O número representa uma queda expressiva em relação a 2016, quando 370 praias apresentaram classificação considerada boa ao longo de todo o ano. A série histórica, iniciada naquele período, aponta uma deterioração contínua da balneabilidade, interrompida apenas em 2020, quando não houve medições por causa da pandemia.

Além das praias classificadas como boas, o levantamento identificou 288 trechos regulares, 143 ruins e 136 avaliados como péssimos, ou seja, impróprios para banho em mais da metade das coletas. Chuvas intensas e deficiência no saneamento básico aparecem como os principais fatores associados à contaminação da água.

No estado de São Paulo, o cenário se agravou. O número de praias próprias durante todo o ano caiu de 62 para 47. Segundo a Cetesb, o aumento do volume de chuvas contribuiu para o carreamento de esgoto e resíduos para o mar, especialmente nos meses de verão.

Falta de saneamento leva praias brasileiras ao pior índice da década

Na Baixada Santista, janeiro, fevereiro e abril concentraram os piores resultados, com médias mensais de cerca de 200 milímetros de chuva. Um dos casos mais críticos é o da Praia do Perequê, em Guarujá, considerada péssima em praticamente todas as medições da série histórica devido à poluição recorrente de rios que deságuam na região.

No Rio de Janeiro, a situação também é preocupante. Apenas 66 praias permaneceram próprias para banho durante todo o período analisado, enquanto cerca de 200 trechos foram classificados como regulares, ruins ou péssimos. Em relação ao ano anterior, 47 praias apresentaram piora nos índices de balneabilidade.

Apesar dos alertas, muitos banhistas continuam entrando no mar em áreas impróprias, especialmente em dias de calor intenso. Especialistas lembram que nadar nessas condições pode causar doenças gastrointestinais, infecções de pele e outros problemas de saúde, além de impactar negativamente o ecossistema marinho.

A classificação das praias segue critérios definidos pela Conama, com base na presença de bactérias fecais como Escherichia coli e enterococos. O levantamento considerou dados de 14 estados brasileiros. A avaliação reforça a relação direta entre saneamento precário, crescimento urbano desordenado e a perda da qualidade ambiental no litoral do país.