Quando o Brasil não era capacho dos EUA com Bolsonaro, Lula mandou Bush fazer guerra contra a fome. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 4 de janeiro de 2020 às 11:03
Lula e Bush

Houve um tempo em que o Brasil não era sodomizado pelos Estados Unidos dando apoio automático a cada guerra perdida.

O Itamaraty divulgou uma nota sabuja na sexta-feira (3) sobre a morte do general iraniano Soleimani.

Afirmou que apoia a “luta contra o flagelo do terrorismo”. Em outras palavras, o que Trump mandar nós fazemos.

De orelhada, Bolsonaro mencionou a “vida pregressa” do militar assassinado, “voltada em grande parte para o terrorismo”.

Não há razão para isso, a não ser a sujeição absoluta aos interesses dos EUA. É bom para quem?

Não para o Brasil.

Um país soberano e com credibilidade deveria manter uma distância cautelar no assunto.

É péssimo para a diplomacia e para os negócios.

Nem sempre foi assim.

A matéria é do Estadão de 17 de março 2003:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, durante encontro com líderes religiosos no Palácio do Planalto, que faria mais sentido o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, declarar guerra à miséria.

“A única guerra que o presidente Bush deveria fazer é contra a fome e a pobreza no mundo em desenvolvimento”, disse Lula, segundo os participantes da reunião. “A guerra (no Iraque) é uma obsessão.”

Aos religiosos, Lula confidenciou que vem tentando, sem sucesso, marcar um encontro com presidentes da América Latina para fechar um discurso único em defesa da paz. “Eles sentem dificuldades em aceitar o convite”, teria dito Lula.

O reverendo Fred Morris, representante do Conselho de Igrejas da Flórida, elogiou a posição do governo brasileiro contrária ao conflito no Iraque. “Quem vai sofrer com a guerra são os civis”, disse.

Morris lembrou que, nos anos 70, foi missionário no Brasil e sofreu tortura dos órgãos de repressão do regime militar.