‘Quando o helicóptero baixou, soltaram bombas em nós’: Vigília Lula Livre, o coração da vitória

Resistência serviu para dar apoio moral a Lula, encarcerado injustamente, e defender o projeto de país que ele agora oficialmente representa como presidente eleito

Atualizado em 30 de outubro de 2022 às 20:59
Vigília Lula Livre. Foto: Ricardo Stuckert

POR LÉA PRADO

Quem buscar no Google pelo prédio da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, e colocar no modo street view, ainda encontrará no entorno e arredores resquícios da mais emblemática vigília que se tem conhecimento no Brasil. Durante 580 dias, milhares de pessoas se mantiveram unidas pelos mesmos ideais: dar apoio moral a Lula, encarcerado injustamente, e defender o projeto de país que ele agora oficialmente representa como presidente eleito.

Lula foi levado de helicóptero até bairro Santa Cândida no dia 07 de abril de 2018.  Lá era aguardado por apoiadores e militantes que se mobilizaram rapidamente diante dos portões da instituição policial para recebê-lo.  A partir daí a imediação do imóvel passou a abrigar o coração da resistência até a sua liberdade em 8 de novembro de 2019.

Ao longo do período, foi desenvolvida toda uma estrutura de acolhimento para que ativistas e simpatizantes, que chegavam de toda parte do país, pudessem se comunicar com o ex-presidente.

Coube ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e Partido dos Trabalhadores (PT) a responsabilidade estruturar e administrar as tarefas e a Vigília Lula Livre.

Regina da Cruz, hoje presidente do PT do estado do Paraná, foi uma das coordenadoras da vigília. Em entrevista recente, relembrou momentos de tensão e violência, como a repressão policial sofrida pelos manifestantes no dia da chegada de Lula. “Quando o helicóptero baixou soltaram bombas em nós. Tem filmagem e dá para ver que ninguém encostou no portão”.

Gosta de lembrar da solidariedade partilhada pelos que queriam a liberdade do ex-presidente.

“Tinham as doações do nosso livro caixa. Nunca faltou uma estrutura básica para ninguém lá. Houve muita solidariedade. Nos ajudaram a manter a militância ali. Isso foi muito importante.”  A dirigente do PT deixa claro que jamais pensou em desistir da resistência apesar das adversidades.

Vigília Lula Livre, em Curitiba

No cruzamento das ruas Barreto Coutinho com Guilherme Matter, que fica a 120m do prédio da Polícia Federal, funcionava o espaço batizado pelos ativistas de praça Olga Benário.  Ali foram entoados os primeiros “bom dia”, “boa tarde” e “boa noite” como meio de comunicação com Lula.

Com o passar dos meses, e Lula ainda preso, a resistência precisou se adequar às necessidades. Alugou um terreno em frente da instituição, e outros espaços que foram transformados em centro cultural e abrigos.

Para quem curtiu a página da Vigília Lula Livre no Facebook, criada em 27 de abri de 2018, ainda é possível acompanhar um pouco do dia a dia do movimento de resistência por meio das postagens.

Em uma delas Márcia da Rosa se emociona ao falar sobre as demandas de cuidar do espaço de acolhimento Casa Lula Livre: “Estamos distribuindo café para o pessoal que está na casa e que irá para a vigília dar ‘bom dia’ ao Lula.  Aqui são bem recebidos, todos somos voluntários. Somos de movimentos populares, estamos aqui para fazer companhia ao nosso presidente e jamais vamos deixar ele sozinho”.

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