“Quanta Asneira!”: jogo criado por jornalista carioca satiriza Bolsonaro, esgota e faz sucesso no exterior

Atualizado em 23 de agosto de 2020 às 12:44
No jogo, Bolsonaro é Bozo, seu apelido no Brasil, baseado no mítico palhaço dos anos 80. Seus filhos são 01, 02 e 03, a típica denominação militar que Bolsonaro usa para chamar seus filhos (senador, deputado e vereador) . Seu mentor, Olavo de Carvalho, é o guru filósofo e seus ministros e secretários são a Equipe Bolsominions. © Facebook/Quanta Asneira

Publicado originalmente no site da RFI

POR MARCIO RESENDE

“Quanta Asneira!” é um jogo de tabuleiro criado pelo jornalista carioca Luiz André Alzer durante a quarentena, que reúne 240 bobagens pronunciadas por Jair Bolsonaro para, com ironia e diversão, protestar contra o governo brasileiro. Também é um documento jornalístico. Sem muita propaganda, para evitar chamar a atenção dos fanáticos adeptos do presidente brasileiro, o jogo é um best-seller e desperta interesse fora do Brasil.

Há dois meses, silenciosamente e sem publicidade, foi lançado no Rio de Janeiro um jogo satírico que usa o humor como crítica política. “Quanta Asneira!” nasceu pensado para a quarentena, durante a qual Jair Bolsonaro ganhou ainda mais projeção internacional por sua irresponsabilidade na gestão da pandemia.

O jogo reúne 240 bobagens que o presidente do Brasil disse ao longo de sua carreira. É um jogo brasileiro, mas também internacional, porque aborda um líder polêmico cujas declarações que deram a volta ao mundo.

Além de Bolsonaro, estão presentes no jogo seus três filhos, seu guru filósofo Olavo de Carvalho e alguns de seus ministros fanáticos e pouco apresentáveis.

O desafio do jogo é acertar o máximo nas perguntas sobre as afirmações mais incríveis do presidente brasileiro e livrar-se do Bolsonaro e de seus bolsonaristas, os chamados bolsominions.

São 48 cartas com perguntas, além de quatro cartas com consequências e 20 cartas com os personagens. No total, são 240 pérolas da política brasileira, várias das quais com repercussão internacional.

No jogo, Bolsonaro é Bozo, seu apelido no Brasil, baseado no mítico palhaço dos anos 80. Seus filhos são 01, 02 e 03, a típica denominação militar que Bolsonaro usa para chamar sua prole, formada por um senador, um deputado e um vereador (04, Renan, o mais novo, não participa desta versão de “Quanta Asneira”).

Seu mentor, Olavo de Carvalho, é o Guru-Filósofo e seus ministros e secretários são a Equipe do Bolsominions.

Além das frases absurdas, aparecem cartas que confundem e complicam o jogo e também a sociedade brasileira: “fritar o ministro”, “tweets apagados” e “panelaços”.

O desafio do jogo é acertar ao máximo as perguntas sobre as afirmações mais incríveis e livrar-se do Bolsonaro e de seus bolsonaristas, os chamados bolsominions.

Criar consciência

Nas cartas, há declarações que envolvem episódios de projeção internacional como os incêndios na Amazônia, os ataques pessoais ao presidente francês Emmanuel Macron, críticas a Angela Merkel, ameaças à Venezuela, desprezo por Greta Thunberg e atritos diplomáticos com Argentina e China.

A ausência de publicidade para o lançamento do jogo é para evitar cair na polarização das redes sociais, campo minado de bolsonaristas. No entanto, o sucesso do jogo já está no boca a boca. Entre os compradores estão aqueles que querem enviar um amigo seguidor do Bolsonaro o jogo, como presente para tentar conscientizar.

Com três meses, as primeiras 500 cópias estão quase esgotadas e espera-se uma nova impressão. E há encomendas do exterior.

Além de um exercício de memória, o jogo ajuda a não passar em branco algumas atrocidades. Também funciona como arquivo jornalístico de forma lúdica.

Seu autor, Luiz André Alzer, tem 25 anos de carreira como jornalista nas principais redações do Rio de Janeiro. Três anos atrás, ele deixou o jornalismo para fundar uma editora dedicada ao lançamento de livros de não-ficção.

Além do “Quanta Asneira!”, ele lançou outros dois jogos de muito sucesso: “Desafio Carioca” e “O Jogo da Lava Jato”, jogo que saiu como encarte do jornal carioca Extra e teve como base a operação policial que teve consequências em vários países da região.