“Quanto pior para Bolsonaro, melhor para nós”: membros do PL se animam com denúncia

Atualizado em 20 de fevereiro de 2025 às 14:18
Valdemar Costa Neto, presidente do PL, e Jair Bolsonaro. Foto: reprodução

Enquanto parlamentares do Partido Liberal (PL) saem publicamente em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, tentando desconstruir a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre a tentativa de golpe de Estado em 2022, internamente a avaliação é que o processo judicial pode ser revertido em ganho político para o partido. A estratégia é transformar as acusações em uma narrativa de perseguição política, vitimizando Bolsonaro e transferindo capital político para seus aliados e para o próprio PL.

A denúncia da PGR, apresentada na terça-feira (18), acusa Bolsonaro e outras 33 pessoas de crimes como organização criminosa armada, tentativa de abolir o Estado Democrático de Direito por meio da força, golpe de Estado e dano qualificado.

Nesse contexto, segundo Bela Megale, do Globo, correligionários do ex-presidente avaliam que, quanto mais ele estiver “encrencado” na Justiça, mais o PL terá a ganhar. A ideia é usar os processos no Supremo Tribunal Federal (STF) para fortalecer a imagem de Bolsonaro como injustiçado e mobilizar sua base eleitoral.

A leitura interna do PL é que a denúncia e uma eventual prisão de Bolsonaro podem alimentar a narrativa de perseguição política, algo que o ex-presidente já vem propagando desde o início das investigações.

“A denúncia e uma eventual prisão de Bolsonaro ajudarão a abastecer a falsa narrativa propagada pelo capitão reformado de perseguição política”, afirmam aliados. Eles acreditam que o processo de “sangrar” Bolsonaro aos poucos chegou ao fim, já que não estão previstas novas ações contra o ex-presidente.

Agora, a estratégia é descolar Bolsonaro das contundentes provas apresentadas no inquérito e colar nele o rótulo de injustiçado. “A estratégia agora é tentar descolar Bolsonaro das contundentes provas trazidas no inquérito do golpe e atuar para colar nele o rótulo de injustiçado, ao menos perante parte da sociedade”, dizem correligionários.

O ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: reprodução

Bolsonaro vira réu

A denúncia da PGR se baseia em evidências coletadas durante as investigações, incluindo a reunião de 18 de julho de 2022, quando Bolsonaro se encontrou com embaixadores e representantes diplomáticos de outros países. Na ocasião, ele fez acusações infundadas sobre fraudes nas urnas eletrônicas, algo que a PGR considera um passo crucial na estratégia golpista.

“O que parecia, à época, um lance eleitoreiro, em si mesmo ilícito e causador de sanções eleitorais, mostrou-se, a partir da trama desvendada no inquérito policial, um passo a mais de execução do plano de solapar o resultado previsto e temido do sufrágio a acontecer logo adiante”, afirmou a PGR.

O órgão destacou que o discurso de Bolsonaro aos embaixadores foi um elemento-chave para minar a confiança no sistema eleitoral e preparar o terreno para questionar o resultado das eleições.

“O descrédito do sistema de eleição e as palavras acrimoniosas de suspeitas sobre Ministros do STF e do TSE, temário do discurso do Presidente da República aos representantes diplomáticos em Brasília, representavam passo a mais na execução do plano de permanência no poder, independentemente do resultado das urnas”, afirmou a Procuradoria.

A denúncia também aponta que o grupo articulador do golpe sabia da importância da aceitação internacional do plano. Um documento apreendido durante as investigações recomendava “a exploração da base legal nos cenários interno e externo e a exploração global dos indícios de fraude”.

Para a PGR, o discurso de Bolsonaro aos embaixadores foi uma tentativa de preparar a comunidade internacional para o desrespeito à vontade popular.

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