Que ruína de país o próximo presidente irá governar? Por Carlos Fernandes

Atualizado em 29 de agosto de 2017 às 22:23
Eles

Vivemos hoje num país destruído e desesperançado. Na melhor das hipóteses, o que deveria constar em nossa bandeira – por substituição ao lema Ordem e Progresso – deveria ser um grande ponto de interrogação.

Como uma nau à deriva em resultado a um motim de ladrões e pilheiros, vagamos sem leme e sem rumo para um destino incerto de consequências tão trágicas quanto obscuras.

Michel Temer, o pandilheiro de nossa democracia, finge comandar uma nação que já não tem mais governo.

Trôpego, vacilante, inseguro e incompetente, sente um país inteiro desmoronar sob os próprios pés. A cada esforço último para se manter no poder, um quinhão de nossa república é perdido.

Incapaz de fazer mover a grande roda da economia, utiliza-se de nossas riquezas para suprir o eterno banquete dos eleitos.

Já não existem mais fronteiras para a rapina. Nunca teve, eu sei. Mas talvez nunca foi tão flagrante.

Enquanto a Amazônia, o pulmão do mundo, é entregue para o deleite das mineradoras e do agronegócio, um em cada cinco lares de nosso país já não possui renda de trabalho.

Enquanto o patrimônio nacional é doado para o capital internacional, mais de 4 milhões de brasileiros voltaram para a humilhante faixa da pobreza.

Enquanto bancos e rentistas aumentam os seus lucros, o Brasil registrou, agora em julho, o seu maior deficit primário para o período em duas décadas. Um resultado decepcionante até para as piores previsões.

Em um único mês o governo central registrou um deficit de R$ 20,152 bilhões. No acumulado de janeiro a julho, já chegamos a um deficit de R$ 76,277 bilhões. Se considerarmos os últimos doze meses, o resultado bate a inacreditáveis R$ 183,7 bilhões, bem acima do projetado para este ano.

Desde o início da série histórica em 1997, jamais registramos um rombo fiscal dessas proporções.

Com isso, nem mesmo o aumento de R$ 20 bilhões na previsão do deficit fiscal de 2017 será suficiente para fecharmos as contas do golpe. Novos sacrifícios (para os pobres e na forma de aumento de impostos) serão necessários.

O desastre se alastra enquanto um irresponsável mente descaradamente para grandes potências internacionais que a reforma trabalhista é um “sucesso extraordinário”.

O Brasil está definitivamente em liquidação. Para que a soberba de um único homem seja mantida, uma nação inteira está sendo amordaçada e torturada.

No que pese a importância capital de quem será o próximo presidente a governar este país, pelo andar da carruagem, a grande dúvida que se levanta é se de fato ainda restará sequer um país para ser governado.