A ideia do ex-presidente Jair Bolsonaro de pedir asilo político na Argentina surgiu dentro de seu núcleo familiar, segundo relato de um aliado próximo. A hipótese foi levantada inicialmente pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-SP), que chegou a rascunhar o plano usando o computador da esposa.
“Bolsonaro foi apresentado ao plano e chegou a considerar a ideia. Num primeiro momento, havia a impressão de que ele poderia se fortalecer denunciando no exterior as perseguições de que era vítima no Brasil”, afirmou o aliado de Bolsonaro à revista Veja.
O plano, no entanto, não avançou, por decisão do próprio ex-presidente. “O pedido não ocorreu porque Bolsonaro acabou entendendo que ele poderia sair prejudicado com a imagem de uma fuga e acabar isolado, fora do jogo político”, prossegue.
A versão coincide parcialmente com a linha da defesa do ex-presidente, que admitiu a existência do rascunho, mas negou qualquer tentativa concreta de formalizar o pedido de asilo. O Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu 48 horas para que os advogados apresentem esclarecimentos sobre os materiais encontrados pela PF.
O documento cita o nome do presidente da Argentina, Javier Milei, errado: “Excelentíssimo senhor Presidente da República Argentina, Javier Gerardo Miliei”. O arquivo foi criado pela nora do ex-presidente, Fernanda Antunes Figueira Bolsonaro, esposa de Flávio, de acordo com a PF.
O governo Milei afirmou que “ainda” não recebeu o pedido de asilo. Ao g1, uma autoridade ligada ao presidente argentino disse que o documento não foi recebido pela gestão.
O arquivo foi encontrado pela PF no smartphone do ex-presidente e não citava data de produção ou assinatura. De acordo com o relatório da corporação, o documento indica que ele planejava deixar o Brasil desde fevereiro de 2024.