Quem é a bolsonarista que pode pressionar o Brasil nos EUA a partir do Banco Mundial

Atualizado em 19 de julho de 2025 às 10:47
Susana Cordeiro Guerra, ex-presidente do IBGE durante o governo Jair Bolsonaro. Reprodução

Susana Cordeiro Guerra, ex-presidente do IBGE durante o governo Jair Bolsonaro, deve assumir um dos cargos mais estratégicos da política internacional: a vice-presidência do Banco Mundial para a América Latina. Ela pode representar uma guinada ideológica na relação entre os Estados Unidos e o Brasil.

Com doutorado em economia e passagem pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), onde hoje é gerente do Setor de Instituições, Susana é reconhecida por seu alinhamento ao bolsonarismo e por sua proximidade com Paulo Guedes, ex-ministro da Fazenda de Bolsonaro. Mas é sua vida pessoal que desperta maior atenção neste momento.

Ela é casada com Elbridge Colby, atual subsecretário de Defesa dos EUA para Políticas de Defesa e figura central na nova direita americana. Colby tem relação direta com a família Trump e é um dos nomes influentes por trás do movimento “Make America Great Again” (MAGA).ica.

Ele participou da formulação do “Plano 2025”, da Heritage Foundation, documento que estrutura a estratégia do novo mandato de Donald Trump, com propostas de centralização de poder e endurecimento da política externa.
Colby protagonizou recentemente uma polêmica ao suspender, sem o aval explícito de Trump, o envio de armas para a Ucrânia, decisão posteriormente revertida. Seu peso no atual governo americano é visível — e, caso sua esposa seja confirmada no Banco Mundial, essa influência poderá se estender ao financiamento de projetos estratégicos na América Latina.

O vice-presidente dos EUA, J.D. Vance, em pé, cumprimentando Elbridge Colby, marido da bolsonarista. Reprodução

Como vice-presidente do Banco Mundial para a região, Susana passaria a gerenciar um portfólio de US$ 32 bilhões, sendo US$ 14 bilhões só para o Brasil. A pasta envolve verbas voltadas principalmente a infraestrutura — hidrelétricas, saneamento, transportes — e pode se tornar instrumento de pressão polít

A ascensão de uma bolsonarista a esse posto amplia a preocupação de que a máquina financeira internacional seja usada como instrumento de retaliação ou chantagem velada contra o governo Lula, especialmente diante das críticas de Trump à Justiça brasileira e da aproximação ideológica entre bolsonarismo e trumpismo.

Se a nomeação se confirmar, Susana Cordeiro Guerra poderá se tornar o elo entre interesses econômicos estratégicos dos EUA e a ofensiva bolsonarista internacional. Em plena escalada de tensões entre os dois países, sua presença no Banco Mundial representa não apenas um cargo técnico, mas um ponto sensível de influência geopolítica.