Quem é a cineasta brasileira sequestrada pela polícia de imigração dos EUA

Atualizado em 29 de setembro de 2025 às 15:11
A cineasta brasileira Bárbara Marques. Foto: reprodução

A cineasta brasileira Bárbara Marques, conhecida pelos curtas “Dia de Cosme e Damião” (2016) e “Cartaxo” (2020), está desaparecida desde que foi detida pelo Serviço de Imigração e Controle de Aduanas dos Estados Unidos (ICE) durante uma audiência em Los Angeles para obtenção do green card.

O caso, noticiado com exclusividade pelo DCM, foi relatado nas redes sociais por seu marido, o montador e ator estadunidense Tucker May, que descreve múltiplas violações ao devido processo legal.

Bárbara Marques, nascida em Vitória (ES) e formada em Cinema pela Universidade Estácio de Sá no Rio de Janeiro, vive em Los Angeles desde 2018, onde desenvolveu carreira como diretora, produtora e atriz. Em entrevista à Voyage LA, ela contou que o interesse pelas artes surgiu na infância, inspirado pela tia, a atriz Elisa Lucinda.

Aos 17 anos, estreou nos palcos em uma montagem de “O Santo e a Porca”, de Ariano Suassuna. Aos 19, mudou-se para o Rio para estudar interpretação na Casa das Artes de Laranjeiras antes de se especializar em cinema.

Segundo relatos do marido, a cineasta foi presa logo após um encontro com agentes de imigração no prédio federal do centro de Los Angeles. Ela comparecera ao local acompanhada do marido e de sua advogada, Giselle Ambrósio, para análise documental visando a emissão do green card após seu casamento em abril deste ano.

Tucker May afirmou que, ao fim da reunião, os atendentes confirmaram que tudo estava correto com a documentação do casal. Pouco depois, no entanto, um funcionário teria usado o pretexto de uma impressora quebrada para separar Bárbara de seu advogado, momento em que foi levada sob custódia.

“O motivo da prisão foi uma audiência judicial de 2019 que minha esposa nunca foi notificada”, afirmou May em publicação no Instagram.

Após a prisão, Bárbara foi encaminhada ao Centro de Detenção de Adelanto, na Califórnia, unidade já denunciada por organizações internacionais de direitos humanos por maus-tratos, superlotação e falhas no atendimento médico. De acordo com May, o local dificultou ativamente a comunicação da cineasta com seus advogados.

“O centro de Adelanto tem impedido ativamente que minha esposa converse com seu advogado, atrasando a entrega de documentos que foram enviados para a unidade”, disse.

Na sexta-feira (22), a situação se agravou quando ela foi transferida para destino não revelado. “Na noite passada, ela foi levada da instalação de Adelanto para um destino não revelado. Eles podem estar mandando-a para qualquer lugar do mundo, e nós não temos como saber”, escreveu May.

Preocupado com a segurança da esposa, Tucker May tem usado as redes sociais para pedir apoio e visibilidade ao caso. “Peço ajuda para atrair a atenção da mídia e das autoridades para estes múltiplos lapsos no devido processo legal e nos procedimentos adequados”, publicou.

Dois dias após o sumiço, a família recebeu a informação de que Bárbara teria passado pelo Arizona antes de ser encaminhada para o centro de detenção e triagem de Alexandria, próximo ao aeroporto de Alexandria, no estado de Louisiana, de onde pode ser deportada ao Brasil.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.