Quem é Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha que apoiou plano de golpe

Atualizado em 21 de setembro de 2023 às 10:12
O ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier. Foto: Marcos Corrêa/PR

O tenente-coronel Mauro Cid afirmou, em delação à Polícia Federal (PL), que o ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, manifestou apoio ao plano golpista em conversas internas, embora o Alto Comando das Forças Armadas não tenha aderido a essa proposta.

Cid relatou que, logo após a derrota no segundo turno da eleição, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu das mãos do assessor Filipe Martins uma minuta de decreto para convocar novas eleições, que incluía a prisão de adversários.

O ex-capitão, segundo Cid, teria participado de reuniões tanto com Filipe quanto com militares. O ex-ajudante de ordens ainda disse que Garnier teria colocado as tropas à disposição de Bolsonaro para o golpe.

Quem é o almirante Almir Garnier?

Almir Garnier Santos nasceu em 22 de setembro de 1960, em Cascadura, no Rio de Janeiro. Ele ingressou, aos dez anos de idade, como aluno do curso de formação de operários, na extinta Escola Industrial Comandante Zenethilde Magno de Carvalho.

Ele se graduou Técnico em Estruturas Navais, na Escola Técnica do Arsenal de Marinha (AMRJ), em 1977, tendo estagiado nas Fragata Independência e União, à época em construção na carreira do AMRJ. No mesmo ano iniciou o Curso de Formação de Oficiais da Reserva da Marinha.

Em 1978, o bolsonarista ingressou na Escola Naval (Rio de Janeiro -RJ), formando-se em 1981. Entre os anos de 1981 e 1991, o então tenente Garnier, desenvolveu suas habilidades operativas servindo a bordo dos navios mais modernos da Esquadra brasileira à época.

Anos mais tarde, em 31 de março de 2010, o apoiador do ex-presidente foi promovido ao posto de Contra-Almirante, em 31 de março de 2014 ao posto de Vice-Almirante e em 25 de novembro de 2018 ao posto de Almirante de Esquadra.

Almir Garnier e Jair Bolsonaro. Foto: Reprodução

Antes de assumir o cargo de Secretário-Geral do Ministério da Defesa em janeiro de 2019, comandou o 2º Distrito Naval por dois anos. No Ministério da Defesa, atuou por mais de dois anos e meio como Assessor Especial Militar do Ministro, tendo servido aos ministros Celso Amorim, Jaques Wagner, Aldo Rebelo e Raul Jungmann.

Garnier, que é considerado o mais bolsonarista dos antigos chefes das Forças Armadas, decidiu romper a tradição e não participar da cerimônia de passagem de comando da Força. Agora, quem está no posto maior da Marinha é o almirante Marcos Sampaio Olsen.

O ex-comandante da Marinha queria entregar o cargo antes da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele chegou a planejar a cerimônia para o dia 28 de dezembro. O Alto Comando da Marinha, no entanto, se reuniu às vésperas do Natal e convenceu Garnier a entregar o cargo somente em janeiro.

O bolsonarista disse ao almirantado que estava decepcionado com a vitória de Lula, razão pela qual gostaria de deixar o posto antes da posse. Apesar da vontade pessoal, de acordo com uma pessoa presente na reunião, Almir decidiu submeter a decisão ao colegiado de almirantes de Esquadra.

Além disso, a ordem para a Marinha desviar seus tanques e lançadores de mísseis para um desfile no centro da capital federal horas antes da votação do voto impresso, partiu de Garnier. Enquanto o presidente da Câmara, Arthur Lira, desconsiderava a derrota do voto impresso na Comissão Especial e jogava a decisão para o plenário, veículos militares circulavam pelas ruas.

Jair Bolsonaro acompanhado do ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto e do excomandante da Marinha Almir Garnier Santos. Foto: Pedro Ladeira

Família Garnier

A família do almirante também esteve presente no governo Bolsonaro. Esposa de Garnier, Selma Foligne Crespio de Pinho foi contratada pela gestão bolsonarista na Secretaria-Geral da Presidência poucos meses depois de se aposentar da Marinha, em abril de 2019.

Ela passou a comandar a recém criada unidade de Estratégia, Padronização e Monitoramento de Projetos. Selma, que atuava como tecnologista no Comanda da Marinha sem concurso público desde 1993, recebeu um salário de R$ 29,5 mil.

Filho do casal, o advogado Almir Garnier Santos Junior foi contratado pela Emgepron em 29 de julho de 2019, no segundo semestre do governo Bolsonaro, ou seja, seis meses depois do pai ser alçado ao segundo posto de comando do Ministério da Defesa.

Junior foi contratado para a função de “assessor-adjunto de Compliance e Integridade Corporativa (Compliance Officer)”, com salário de R$ 10,9 mil mensais. A Emgepron foi criada em 1982 e é vinculada ao Ministério da Defesa por intermédio do Comando da Marinha

Em maio de 2022, Garnier levou a esposa e um grupo de convidados para visitar a região da Toscana, um dos principais polos turísticos da Itália. O grupo também foi à Turquia, em “missão oficial” de quatro dias e ficaram um dia em Lisboa, Portugal. Vale destacar que todos eles viajaram em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB).

Participe de nosso grupo no WhatsApp, clique neste link

Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link