
O deputado federal Antônio Leocádio dos Santos (MDB), conhecido como Antônio Doido, foi alvo de uma nova operação da Polícia Federal, nesta terça-feira (16), que apura a atuação de uma organização criminosa suspeita de corrupção, desvio de verbas públicas e lavagem de dinheiro.
Durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão em Brasília, o parlamentar tentou se livrar do próprio celular ao arremessar o aparelho pela janela do imóvel onde se encontrava, numa tentativa de evitar a apreensão do material.
A ação da Polícia Federal cumpriu 31 mandados de busca e apreensão autorizados pelo Supremo Tribunal Federal no Pará e no Distrito Federal.
A investigação mira um esquema estruturado que, segundo os investigadores, desviava recursos públicos por meio de fraudes em licitações e usava o dinheiro para pagamento de propinas, ocultação de patrimônio e financiamento de atividades políticas. Além do celular descartado, os agentes também apreenderam dinheiro em espécie e outros materiais considerados relevantes para o inquérito.
Antônio Doido tem 49 anos, é natural de Dom Macedo Costa, na Bahia, mas construiu sua carreira política no Pará. Bacharel em Ciências Contábeis pela Faculdade da Amazônia, iniciou sua trajetória como prefeito de São Miguel do Guamá, eleito em 2016 com 32% dos votos.
Tentou a reeleição em 2020, quando obteve 48% dos votos, mas acabou derrotado. Em 2022, já filiado ao MDB, foi eleito deputado federal com 126.535 votos e assumiu o mandato em 2023.
No cenário municipal, voltou a disputar eleições em 2024, desta vez à prefeitura de Ananindeua, na Região Metropolitana de Belém, mas terminou a disputa em segundo lugar, sem alcançar o segundo turno. No mesmo ano, declarou à Justiça Eleitoral patrimônio de R$ 2,5 milhões.

Na Câmara dos Deputados, Antônio Doido apresentou 28 propostas legislativas e participou de 126 votações nominais. Atualmente, é membro titular da Comissão de Desenvolvimento Urbano e da Comissão Externa sobre Obras Públicas Paralisadas, além de atuar como suplente em outras duas comissões.
Em 2024, destinou R$ 37,8 milhões em emendas parlamentares, principalmente para áreas de saúde e infraestrutura em municípios paraenses.
A operação desta terça-feira se soma a investigações anteriores que já colocavam o deputado sob suspeita. Em janeiro deste ano, um assessor parlamentar ligado a Antônio Doido foi preso em flagrante pela Polícia Federal logo após sacar R$ 1,1 milhão em dinheiro vivo em uma agência bancária no bairro do Umarizal, em Belém.
Segundo a Justiça Federal, a prisão ocorreu após denúncia anônima apontar que os recursos teriam origem ilícita e seriam utilizados para pagamento de propinas a servidores públicos.
De acordo com os investigadores, o crime se configurou quando um representante comercial de uma empresa envolvida em licitações públicas repassou o dinheiro ao assessor parlamentar, que é servidor público. Relatórios de inteligência financeira também indicam movimentações suspeitas compatíveis com lavagem de dinheiro e ocultação da origem dos recursos.