Quem é Bill de Blasio, o prefeito de Nova York que trata Bolsonaro como o lixo fascista que é. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 21 de setembro de 2021 às 8:27
Bill de Blasio, prefeito de Nova York, com a mulher Chirlaine e os filhos Dante e Chiara

Ao justificar seu arrego do jantar de gala em Nova York oferecido pela Câmara de Comércio Brasil-EUA, Jair Bolsonaro citou a “resistência” e os “ataques deliberados do Prefeito”.

Bill de Blasio tornou-se um cruzado contra o obscurantismo bolsonarista, defendendo sua cidade da presença do que chamou de “ser humano perigoso”.

De quebra, expôs a iniquidade de Jair para o mundo.

Fez pressão sobre o Museu de História Natural, primeiro local escolhido para o chopeidança, juntamente com cientistas e funcionários.

Depois conseguiu que o restaurante Cipriani, plano B dos organizadores, também despejasse o Godzilla verde e amarelo.

O Marriott topou a parada. Não durou uma semana.

No rádio, De Blasio apontou que Bolsonaro “está fazendo algo tangivelmente destrutivo”. “Fico desconfortável com isso”, disse.

Condenou os planos do brasileiro para a Amazônia, que “poderiam colocar em risco o planeta”, bem como o “racismo evidente” e a “homofobia” do sujeito.

De Blasio está no extremo oposto ideológico e, mais do que isso, civilizacional de Bolsonaro.

Sua campanha foi baseada no combate à desigualdade.

Frequentemente, ele bate pesado em Donald Trump, o irmão mais velho esquisitão e bem sucedido de Bolsonaro.

Aos 57 anos, o democrata é casado com a ativista e poeta negra Chirlane McCray, com quem tem dois filhos, Dante e Chiara. Antes dele, Chirlane teve apenas relacionamentos com mulheres.

Passaram a lua de mel em Cuba.

O pai perdeu a perna esquerda na Segunda Guerra Mundial e se tornou alcoólatra. Suicidou-se em 1979.

Define-se como “socialista democrático” e é cotado para candidato à Presidência em 2020.

“Ele deu voz aos novaiorquinos esquecidos – os 46% que vivem na pobreza ou perto dela, os 50 000 sem teto, os milhões que estão fora das áreas de segurança econômica e afluência aristocrática”, escreveu o New York Times.

Em 2014, logo que assumiu, a Reuters publicou um breve perfil dele:

Bill de Blasio, um ousado democrata liberal que fez campanha para reduzir a distância entre ricos e pobres de Nova York, foi formalmente empossado nesta quarta-feira como o 109º prefeito da cidade em uma cerimônia na escadaria do City Hall, sede do conselho municipal.

O ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton conduziu o juramento de De Blasio para o cargo usando uma Bíblia que já havia sido empregada por Franklin Delano Roosevelt.

De Blasio já tinha sido empossado mais cedo, logo após a meia-noite, em uma cerimônia em sua casa no Brooklyn.

Ele sucede a Michael Bloomberg, que administrou a cidade após os ataques de 11 de setembro de 2001 e durante a recessão econômica seis anos mais tarde. As políticas da Bloomberg foram elogiadas por tornar a cidade mais segura, ecológica e habitável.

Bloomberg, que está deixando a prefeitura depois de 12 anos, disse que pretende ter duas semanas de férias no Havaí e na Nova Zelândia com sua namorada de longa data, Diana Taylor.

Em seguida, o bilionário, que tem casas em Bermuda e em Londres, disse que vai se concentrar em sua fundação de caridade, a Bloomberg Philanthropies, e permanecer ativo nos setores de saúde pública, controle de armas e inovação governamental.

Na corrida eleitoral, De Blasio apresentou-se como um candidato anti-Bloomberg, criticando o “conto de duas cidades”, que, segundo ele, surgiu quando Nova York perdeu sua reputação de lugar perigoso, a partir das décadas de 1970 e 1980.

Depois de uma vitória retumbante em novembro, com mais de 70 por cento dos votos, De Blasio se comprometeu a enfrentar uma lacuna de acessibilidade que deixou aqueles no meio e nos últimos degraus da escada econômica lutando para pagar serviços básicos, tais como habitação e transporte público.

“Quando eu disse que acabaríamos com o conto de duas cidades, eu estava falando sério. Vamos fazê-lo”, disse De Blasio em seu discurso inaugural.

O “conto de duas cidades” é uma referência à obra de Charles Dickens.

Se Dickens falava de Londres e Paris no tempo da Revolução Francesa, De Blasio estava prometendo diminuir a distância entre a Nova York rica e a pobre.

Prefeito serve para isso — e para proteger seus eleitores do fascismo.