Quem é Jeannette Jara, a comunista que lidera a disputa presidencial no Chile

Atualizado em 16 de novembro de 2025 às 11:10
Candidata da esquerda lidera intenção de votos no 1º turno,

Jeannette Jara lidera a disputa presidencial no Chile e coloca, pela primeira vez, o Partido Comunista na frente de uma eleição nacional. Ex-ministra do Trabalho de Gabriel Boric, ela busca se descolar do governo impopular enquanto apresenta uma campanha centrada em origem popular, diálogo e resultados concretos, como a reforma da previdência e a redução da jornada semanal de 45 para 40 horas. Aos 51 anos, Jara construiu carreira marcada por militância desde a adolescência e forte enraizamento social.

A candidata venceu as primárias da centro-esquerda ao conquistar apoio de setores populares que se identificam com sua trajetória de trabalhadora e estudante. Especialistas destacam que seu perfil “cara do povo” ajuda a ampliar alcance, mas também enfrenta um obstáculo histórico: o anticomunismo arraigado na política chilena. Esse cenário obriga a campanha a buscar posições mais ao centro para tentar expandir a base eleitoral.

Por isso, Jara incorporou bandeiras que tradicionalmente identificam candidatos de direita, como combate ao crime e controle de fronteiras, hoje temas centrais no país. Ela afirma que “a segurança pública será prioritária desde o primeiro dia” e tenta marcar distância da ala mais ortodoxa do Partido Comunista, adotando uma postura mais social-democrata. Pesquisas mantêm a candidata na liderança com cerca de 30% dos votos projetados.

Os candidatos presidenciais Franco Parisi, Jeannette Jara, Marco Enriquez-Ominami, Johannes Kaiser, Jose Antonio Kast, Eduardo Artes e Evelyn Matthei são vistos durante o debate presidencial final de 2025, antes das eleições. Foto: Cristobal Basaure Araya/SOPA Images/LightRocket via Getty Images

O panorama do segundo turno, porém, segue imprevisível. Como a direita está fragmentada, a tendência é que seus votos se concentrem no adversário que avançar — hoje, o nome mais provável é José Antonio Kast, da ultradireita. Ambos carregam alta rejeição: Jara por representar o comunismo, Kast por defender um legado ligado à ditadura de Pinochet. Na avaliação de analistas, a disputa deve ser definida por rejeição, não por preferência.