Quem é Jorge Messias, indicado por Lula ao STF

Atualizado em 16 de outubro de 2025 às 18:03
Jorge Messias, AGU. Foto: Mathilde Missioneiro/Folhapress

O ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, foi indicado pelo presidente Lula (PT), nesta quinta-feira (16), para a vaga deixada por Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal (STF). A escolha, confirmada por cinco auxiliares do Planalto, deve ser oficializada nas próximas horas.

Aos 45 anos, o recifense, conhecido por sua trajetória técnica e proximidade com o presidente, será sabatinado pelo Senado antes da nomeação definitiva.

Jorge Rodrigo Araújo Messias nasceu em 25 de fevereiro de 1980, no Recife. Formado em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), é mestre e doutor em Desenvolvimento, Sociedade e Cooperação Internacional pela Universidade de Brasília (UnB).

Ingressou na Advocacia-Geral da União em 2007, como procurador da Fazenda Nacional, e desde então construiu uma carreira sólida no serviço público. No governo Dilma Rousseff, atuou como subchefe para Assuntos Jurídicos da Casa Civil, além de ter ocupado cargos de consultoria jurídica em ministérios como Educação e Ciência e Tecnologia.

O presidente Lula e Jorge Messias, atual ministro da Advocacia-Geral da União (AGU). Foto: Reprodução

Casado com Karina e pai de dois filhos, Vitória e João Pedro, Messias é membro da Igreja Batista, o que o aproximou de setores evangélicos e o transformou em uma ponte entre o governo e esse segmento religioso. Torcedor do Sport Club do Recife, é descrito por colegas como discreto, estudioso e metódico.

No Planalto, é considerado um dos auxiliares mais leais a Lula, uma qualidade que o fortalece internamente, mas também desperta desconfianças no Congresso, especialmente entre parlamentares de oposição.

A relação entre Lula e Messias se consolidou ao longo de mais de uma década. Em 2016, o então assessor jurídico da Casa Civil ganhou notoriedade nacional ao ser citado por Dilma Rousseff em um telefonema interceptado pela Operação Lava Jato, no qual a presidente informava que enviaria “pelo Bessias” (como o nome dele foi transcrito incorretamente) o termo de posse de Lula como ministro.

O episódio, que resultou na suspensão da nomeação do petista por decisão do ministro Gilmar Mendes, transformou o apelido em um símbolo político. Messias sempre afirmou que apenas cumpria suas funções institucionais e que o áudio foi divulgado fora de contexto para desestabilizar o governo Dilma.

Lula e Messias em encontro com evangélicos nesta quinta-feira. Foto: Ricardo Stuckert

O apelido, porém, virou um fardo político. No Senado, onde Messias será sabatinado, a lembrança do “Bessias” voltou a circular em tom de ironia entre parlamentares. Um senador chegou a dizer reservadamente: “Vai ter dificuldade. Lembra da Dilma orientando o ‘Bessias’? Isso deve render conversa”. Mesmo assim, a avaliação no Planalto é de que a fidelidade de Messias ao presidente e sua imagem técnica devem prevalecer sobre o peso do passado.

Antes da escolha, outros nomes chegaram a ser considerados, como o do ministro do Tribunal de Contas da União Bruno Dantas e o da ministra do TCU Ana Arraes. Ainda assim, Messias era o favorito desde o início do processo, por reunir credenciais jurídicas, experiência administrativa e sintonia política com Lula.

Sua atuação na AGU, marcada pela defesa de pautas estratégicas do governo e pela capacidade de diálogo com o Congresso e o Judiciário, consolidou sua posição como o candidato natural.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.