Quem é Laura Tessler, a procuradora do MP que Moro espinafrou. Por Mauro Donato

Atualizado em 20 de junho de 2019 às 21:04
Em conversa com Dallagnol, Moro dá um pitaco sobre a atuação da procuradora Laura Tessler

A sanha inquisidora de Sergio Moro, se nunca foi colocada em dúvida pela esquerda, agora está exposta – com provas – para quem quiser ver.

A maneira petulante e estratégica com que Moro direcionava as ações da procuradoria desde o início das investigações agora rendem-lhe dor de cabeça.

Em um dos trechos de trocas de mensagens tornados públicos pelo site The Intercept, o então juiz Moro dá um pitaco sobre a atuação da procuradora Laura Tessler.

“Prezado, a colega Laura Tessler de vocês é excelente profissional, mas para inquirição em audiência, ela não vai muito bem. Desculpe dizer isso, mas com discrição, tente dar uns conselhos a ela, para o próprio bem dela. Um treinamento faria bem. Favor manter reservada essa mensagem”, escreveu ele a Deltan Dallagnol.

“Ok, manterei sim, obrigado!”, respondeu o cúmplice de todas as horas.

O que Moro desejava como desempenho em audiências? Que procuradores o auxiliassem no sentido de condenações?

Laura Tessler é procuradora do MPF e em 2015 passou a integrar a força-tarefa na operação Lava Jato. Ela também teve mensagens do Telegram reveladas pela reportagem de Glenn Greenwald e por ali nota-se que seu alinhamento ideológico com a república de Curitiba era total.

Quando soube que Lewandowski havia autorizado Lula a conceder entrevistas, a procuradora surtou.

“Que piada!!! Revoltante!!! Lá vai o cara fazer palanque na cadeia. Um verdadeiro circo. E depois de Mônica Bergamo, pela isonomia, devem vir tantos outros jornalistas… E a gente aqui fica só fazendo papel de palhaço com um Supremo desse…”

O grupo de Telegram do qual Laura Tessler fazia parte debateu uma saída para a questão: propuseram que a entrevista fosse uma coletiva de imprensa com objetivo único de tumultuar. “Vai ser uma zona mas diminui a chance da entrevista ser direcionada”, sugeriram.

Nem essa ideia agradou Tessler, que sempre esteve preocupada com os efeitos políticos e eleitorais, nunca com justiça.

“Sei lá… Mas uma coletiva antes do segundo turno pode eleger o Haddad”, escreveu ela, demonstrando toda a “imparcialidade” característica daquela turma que sempre jurou de pé junto ser só contra a corrupção e nada mais.

O conselho de Moro para que uma procuradora fizesse um treinamento deixou o Ministério Público duplamente irritado: Por desmerecer uma procuradora e por revelar aos olhos do mundo inteiro a relação promíscua que permeia toda a Lava Jato.

Qualquer orientação por parte de juiz é vetada por lei. Moro incorreu em falta grave e por isso mesmo o corregedor do MP instaurou processo disciplinar contra Deltan Dallagnol e todos os outros procuradores mencionados na matéria do The Intercept. Laura Tessler inclusa.

Eles têm 10 dias para prestarem esclarecimentos ao Conselho Nacional do Ministério Público.

Além disso, a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) já declarou que irá solicitar o afastamento temporário de Sergio Moro das funções de ministro da Justiça e um grupo de mais de 400 advogados encabeçado pelo Prerrogativas divulgou um manifesto pedindo o afastamento e investigação de todos os envolvidos na ação considerada “sem escrúpulos e sem nenhum compromisso com o país e com suas instituições republicanas”.

E é bom que assim seja. O judiciário, se não quiser esculhambar o país de vez, deve submeter a treinamento não apenas Laura Tessler, mas todos que tenham tido qualquer mínima interação com a Lava Jato.

A procuradora Laura Tessler diz que os pagamentos de propina a João Santana e Mônica Moura eram parte dos valores destinados ao PT.

Posted by MBL – Movimento Brasil Livre on Thursday, April 28, 2016