
Macário Júdice Neto, desembargador do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), foi preso pela Polícia Federal nesta terça-feira (16) no desdobramento da Operação Unha e Carne 2, que investiga o vazamento de informações sigilosas para integrantes do Comando Vermelho.
A apuração da PF mira o vazamento de informações sigilosas e tem como um dos casos centrais o de TH Jóias. Segundo as investigações, o magistrado teria atuado para favorecer o grupo criminoso. A fase atual ocorre meses após a PF prender o presidente afastado da Alerj, Rodrigo Bacellar, pelo mesmo esquema.
PF prende desembargador do Rio responsável pelo caso TH Joias https://t.co/KCReoGIM3k #g1 pic.twitter.com/lZcNNIuC9l
— g1 (@g1) December 16, 2025
Afastamento por 17 anos e reintegração
Macário foi reintegrado e promovido a desembargador em 2023, após ficar 17 anos afastado da magistratura. Desde 2005, ele enfrentava sucessivas decisões que o mantinham fora do cargo, relacionadas a acusações de venda de sentenças quando atuava na Justiça Federal do Espírito Santo.
O primeiro afastamento foi determinado pelo próprio TRF-2, em novembro de 2005, em uma ação penal que apurava sua suposta participação em um esquema ligado à máfia dos caça-níqueis. Em 2015, ele acabou absolvido nesse caso, mas permaneceu afastado devido a um processo administrativo disciplinar (PAD) que tratava do mesmo tema.
Decisão do CNJ e promoção no TRF-2
O PAD chegou ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que decidiu, em novembro de 2022, que o prazo para julgamento havia sido extrapolado e determinou a reintegração do magistrado. Mesmo assim, ainda havia outra decisão de afastamento por improbidade administrativa proferida pelo TRF-2.
De acordo com o site da Universidade Federal do Espírito Santo, Macário foi nomeado desembargador federal em maio de 2023. Ele era o primeiro nome da lista de antiguidade e assumiu o cargo em solenidade no gabinete da Presidência do TRF-2.

Caso citado em 2015
De acordo com a revista eletrônica Consultor Jurídico, em dezembro de 2015, o CNJ suspendeu decisão do TRF-2 que havia aplicado a aposentadoria compulsória ao juiz. O conselheiro Arnaldo Hossepian considerou que a deliberação não cumpria o quórum exigido pela Constituição.
A penalidade tinha sido motivada pela acusação de venda de decisões judiciais, mas jamais chegou a transitar em julgado.
Atuação da esposa na Alerj
Outro elemento citado é que a esposa do magistrado, Flávia Júdice, atuava até o mês passado no gabinete da diretoria-geral da Alerj, no mesmo período em que as investigações já corriam contra TH Jóias e Bacellar. A PF não detalhou se a atuação dela tem relação direta com o caso; o nome aparece no inquérito como conexão institucional.