Quem é Marcelo Lima, prefeito de São Bernardo alvo da PF e afastado por corrupção

Atualizado em 14 de agosto de 2025 às 11:39
O prefeito de São Bernardo do Campo, Marcelo Lima (Podemos). Foto: Reprodução

O prefeito de São Bernardo do Campo, Marcelo Lima (Podemos), foi afastado do cargo nesta quinta-feira (14) após operação da Polícia Federal (PF) que investiga um suposto esquema de corrupção e lavagem de dinheiro na administração municipal.

Segundo a PF, ele é suspeito de comandar um esquema de pagamento de propina em contratos nas áreas de obras, saúde e manutenção. A investigação começou em julho de 2025, quando a polícia apreendeu R$ 14 milhões em espécie na posse de um servidor público da cidade.

Embora a PF tenha pedido a prisão do prefeito, a Justiça negou e determinou medidas cautelares, como afastamento do cargo e uso de tornozeleira eletrônica, que será colocada após buscas em sua residência.

Quem é Marcelo Lima?

Nascido em 1983, em São Bernardo do Campo, Marcelo de Lima Fernandes é formado em gestão pública e pai de duas filhas.

Ele iniciou sua trajetória política em 2008, quando foi eleito vereador com 3.906 votos, tornando-se o mais jovem da história da Câmara Municipal. Ocupou o cargo até 2016 e, de 2017 a 2022, foi vice-prefeito ao lado de Orlando Morando, atual secretário de Segurança Pública da cidade de São Paulo.

Disputas eleitorais

Marcelo Lima também buscou cargos no Legislativo estadual e federal. Em 2014, concorreu a deputado estadual pelo PPS (atual Cidadania) e obteve 35.061 votos, não sendo eleito. Em 2018, pelo PSD, tentou vaga na Câmara Federal, com 53.933 votos, novamente sem sucesso.

Em 2022, pelo Solidariedade, foi eleito deputado federal com 110.430 votos. Porém, em novembro de 2023, perdeu o mandato por infidelidade partidária após deixar a sigla para se filiar ao Podemos.

A legenda alegou que ele usou a estrutura financeira e política do partido para se eleger e, depois, se desligou sem justa causa, violando a legislação.

A defesa argumentou que a desfiliação era legal, pois o Solidariedade não havia atingido a cláusula de desempenho e perderia acesso ao Fundo Partidário e à propaganda gratuita. O partido rebateu, dizendo que cumpria os requisitos por ter incorporado o PROS em fevereiro de 2023.

Eleição para a prefeitura

Em 2024, Marcelo Lima concorreu à prefeitura de São Bernardo. Durante a campanha, enfrentou o ex-aliado Orlando Morando, que apoiou a sobrinha, Flávia Morando. Flávia foi derrotada no primeiro turno, e Lima disputou o segundo turno contra Alex Manente (Cidadania). Com o apoio de Morando, foi eleito com 55,7% dos votos válidos.

Pouco depois de assumir, em janeiro de 2025, ele e a vice-prefeita Jéssica Cormick (Avante) foram multados pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo em R$ 5.320,50 por conduta vedada. O TRE apontou uso indevido de bens públicos durante a campanha, ao gravar propaganda eleitoral no gabinete do então prefeito.

Com o afastamento Marcelo Lima, a cidade vai ser comandada a partir desta quinta-feira (14) por Jéssica Cormick, que é policial militar. Ela tem 38 anos e é sargento da Polícia Militar de São Paulo desde 2005.

Jéssica se afastou da corporação no ano passado, ao ser convidada pelo então deputado federal e candidato Marcelo Lima para ser vice na chapa dele.

A policial militar Jéssica Cormick, do Avante, é vice-prefeita de São Bernardo e vai assumir a prefeitura após afastamento de Marcelo Lima (Podemos). — Foto: Montagem/g1/Reprodução/Instagram
A policial militar Jéssica Cormick, do Avante, é vice-prefeita de São Bernardo e vai assumir a prefeitura após afastamento de Marcelo Lima (Podemos). Foto: Reprodução

Acusações e operação da PF

Segundo a Polícia Federal, Paulo Iran, auxiliar legislativo da Assembleia Legislativa de São Paulo e apontado como operador financeiro de Marcelo Lima, pagava contas pessoais dele, da esposa e da filha.

A investigação teve início após a apreensão de R$ 14 milhões e US$ 500 mil em espécie com o servidor, que está foragido e tem mandado de prisão expedido.

Mensagens e registros no celular de Paulo Iran indicam ligações diretas com o prefeito e indícios de repasses para sua família.

Dinheiro apreendido pela Polícia Federal com servidor da Prefeitura de São Bernardo do Campo, na Grande SP. — Foto: Divulgação/PF
Dinheiro apreendido pela Polícia Federal com servidor da Prefeitura de São Bernardo do Campo, na Grande SP. Foto: Divulgação/PF

Também foram alvos o presidente da Câmara e primo do prefeito, vereador Danilo Lima Ramos (Podemos), e o suplente Ary José de Oliveira (PRTB). Além deles, o empresário Edmilson Carvalho, sócio da Terraplanagem Alzira Franco Ltda., e o servidor Antonio Rene da Silva, diretor de departamento da Secretaria de Coordenação Governamental, também foram detidos.

Ao todo, a operação cumpriu 20 mandados de busca e apreensão e determinou quebras de sigilos bancário e fiscal em São Bernardo, São Paulo, Santo André, Mauá e Diadema. Os investigados podem responder por organização criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção passiva e corrupção ativa.