
A influenciadora Vanessa Silva, conhecida nas redes sociais como “Negona do Bolsonaro”, ganhou notoriedade por sua atuação como militante política ligada ao bolsonarismo. Aos 43 anos, a vereadora suplente do Rio de Janeiro pelo PL foi citada em relatório da Polícia Federal (PF) como uma das pessoas usadas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para driblar as medidas cautelares impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
De acordo com a PF, no dia 3 de agosto, em meio às manifestações por anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023, Bolsonaro enviou vídeos para Vanessa com o objetivo de demonstrar apoio mesmo em prisão domiciliar. Como estava proibido de usar redes sociais, o ex-presidente repassou os conteúdos para contatos próximos.
Poucos minutos após receber a gravação acompanhada da mensagem “de casa acompanhando. Obrigado a todos. Pela nossa liberdade. Jair Bolsonaro”, Vanessa republicou o vídeo no X, rede em que soma mais de 100 mil seguidores. O mesmo post também foi publicado em seu Instagram, onde conta com cerca de 136 mil seguidores.
Embora citada no relatório, Vanessa não é investigada. Para a PF, os elementos evidenciam que Bolsonaro agiu “de forma livre e consciente” para “propagar e amplificar, por meio das redes sociais, ataques em face de Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos chefes do Poder Legislativo (Câmara dos Deputados e Senado Federal), de modo a coagir e restringir o livre exercício dos poderes constituídos, visando impor a votação de proposta de anistia e de destituição de ministros do STF por supostos crimes de responsabilidade”.
“01 do Bolsonaro”
Nas redes, a influenciadora se apresenta como “mulher 01 do Bolsonaro” e se consolidou como uma das vozes mais fiéis ao ex-presidente. Nas eleições de 2024, tentou se eleger vereadora do Rio, mas teve o apelido “Negona do Bolsonaro” barrado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ). Segundo a Justiça, a expressão induzia “palavra preconceituosa” e “racista”.
Vanessa contestou a decisão: “A decisão desse desembargador de me proibir de usar o nome ‘Negona’, o nome com o qual sou conhecida, é uma afronta para minha identidade! Querem dizer que eu, uma mulher preta, sou racista contra mim mesma por me chamar de ‘Negona’? Isso é uma aberração jurídica!”, declarou na época.

Com a candidatura registrada como “Vanessa Silva”, recebeu 10.416 votos e não foi eleita, mas assumiu a posição de suplente. Durante a campanha, além do apoio financeiro do partido, contou com uma doação de R$ 7.692,30 do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), réu em ação penal ligada à trama golpista.
Mesmo sem mandato, manteve forte presença digital, com publicações diárias em defesa de Bolsonaro, ataques ao STF, elogios ao presidente estadunidense Donald Trump e comentários sobre as sanções impostas pelos Estados Unidos ao Brasil.
Vanessa também protagonizou episódios que repercutiram além da política. Uma inserção eleitoral sua viralizou nas redes, em que repetia o bordão: “Pela família, pela vida, pela liberdade e pela inclusão. Vinte e dois, três, três, três, Negona do Bolsonaro”. O áudio se espalhou em plataformas como TikTok e Instagram.
Em outro caso, durante as Olimpíadas de Paris em 2024, uma foto dela ao lado de Jair Bolsonaro circulou em montagens enganosas, como se fosse a judoca Bia Souza, campeã olímpica naquele ano.