
O alfaiate João Camargo, conhecido por vestir celebridades e políticos, é investigado por suposto envolvimento no esquema bilionário de desvios do INSS, que já movimentou mais de R$ 6,3 bilhões. Segundo documentos apresentados à CPI mista do INSS, uma empresa ligada ao estilista teria recebido R$ 24,3 milhões de uma das associações sob investigação pela Polícia Federal.
Camargo é dono da MKT Connection Group, empresa de consultoria criada em dezembro de 2022, que segundo o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), recebeu dezenas de repasses da Amar Brasil Clube de Benefícios, uma das entidades apontadas como responsáveis por fraudes em aposentadorias. No mesmo período, a MKT também enviou R$ 784,5 mil de volta à Amar Brasil, totalizando 65 transações financeiras entre as duas partes.
A defesa do empresário nega qualquer irregularidade e afirma que a investigação “servirá para comprovar que a MKT Connection agiu dentro da legalidade”. Segundo nota enviada ao g1, Camargo “não tem relação com qualquer desvio” e a associação com a alfaiataria “é um erro grave e injusto”.

Além de comandar sua marca há 20 anos em São Paulo, o alfaiate já teve ateliê no Lago Sul, em Brasília, e ficou conhecido por confeccionar ternos para nomes como Silvio Santos, Bruno Gagliasso, Rodrigo Faro e empresários da capital federal. Aos 50 anos, ele diz ter iniciado na costura ainda na adolescência, antes de trabalhar em grifes como Ricardo Almeida e Brooksfield.
João Camargo também aparece como ex-sócio da Kairos Representações Ltda, empresa criada em 2023 e encerrada no início de 2024. Entre os sócios estavam Américo Monte Junior, Anderson Cordeiro Vasconcelos, Felipe Macedo Gomes e José Branco Garcia, todos investigados pela PF por envolvimento no esquema de descontos indevidos de aposentados. A Kairos, porém, não teria recebido repasses diretos das associações.
A CPI do INSS convocou todos os citados para prestar depoimento no Congresso Nacional. A comissão apura o papel das empresas intermediárias e dos dirigentes das associações nos desvios de mensalidades de aposentados e pensionistas, que somam prejuízos bilionários aos cofres públicos.