
Aécio Lucio Costa Pereira, de 51 anos, é o primeiro réu julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por participação nos atos golpistas de 8 de janeiro. O apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) era síndico de um prédio em Diadema, na Grande São Paulo.
Aécio foi funcionário da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) desde 2014. O bolsonarista, que era técnico em sistemas de saneamento, foi demitido por justa causa após divulgar um vídeo participando dos atos antidemocráticos.
Nas imagens, ele aparece usando uma camiseta com uma estampa pedindo “intervenção militar federal”. “Amigos da Sabesp: quem não acreditou, estamos aqui. Olha onde eu estou: na mesa do presidente. Vai dar certo, não desistam. Saiam às ruas”, disse Aécio na gravação.
Como síndico, o golpista colecionava confusões no WhatsApp, xingamentos e boletins de ocorrências de moradores contra ele. O bolsonarista foi reeleito por três mandatos e substituído após sua prisão em janeiro.
Pelos menos desde 2017, há registros de desentendimentos no condomínio envolvendo o ex-síndico e alguns moradores que foram parar na delegacia.
Em junho daquele ano, uma ex-conselheira do condomínio afirmou ter sofrido injúria por parte de Aécio. Ela disse à polícia que ajudou o bolsonarista a se mudar para o prédio e a ocupar a posição de síndico.

A ex-conselheira teve o braço segurado por ele, que teria tentado dar tapas em sua boca, mas foi empurrado. “Afirma que ele sempre que a encontra no condomínio a xinga de ‘bruxa’, ‘louca’, ‘bruxa velha’ e, pelo fato dele estar chegando cada vez mais próximo, isso deixa a declarante com muito medo do que ele possa fazer”, apontou um trecho do boletim de ocorrência.
A mesma vítima registrou o furto de um celular no ano seguinte. Na ocasião, Aécio teria pegado o seu aparelho durante uma discussão e se recusado a devolver até a data do registro.
Em fevereiro de 2018, mais um boletim de injúria, calúnia, difamação e perturbação da tranquilidade foi registrado contra o bolsonarista. O episódio teria ocorrido em novembro de 2017.
Uma professora, com 49 anos na época, que também era moradora do prédio, procurou a polícia e disse que Aécio a insultava por e-mail, chamando-a de “diretorinha de escola mentirosa” e proferindo outros xingamentos.
Ainda em 2018, outra professora de 50 anos denunciou o golpista por ameaça e injúria. Em maio daquele ano, por volta das 19h20, a vítima estava dormindo quando o então síndico teria enviado uma mensagem pelo WhatsApp: “Sua fuxiqueira, biscate, crente safada. Você vai ter o que procura! Você não sabe com quem mexeu”, relatou no documento.
Em um boletim de ocorrência de 8 de novembro do ano passado, um morador relatou ameaça por divergência política. À polícia, o homem afirmou que Aécio passou a enviar mensagens no WhatsApp dizendo que, se a vítima aparecesse no local, “seria morta, porque todo comunista merece morrer”.
O mesmo morador, em setembro de 2022, entrou com uma ação de danos morais contra o condomínio e o ex-síndico.